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sábado, 26 de maio de 2012

Encontros de Alternativas em Sintra



No jardim da biblioteca principal houve um pequeno festival de três dias: os Encontros de Alternativas em Sintra. Só vim cá para ver este pequeno concerto de uma amiga de uma amiga. Havia bancas de artesanato, comida orgânica e roupa alternativa, um pouco no espírito Andanças. 

Gostei imenso de ouvir esta banda e partilho-a aqui, mencionando também o próprio espaço onde estive, que não conheço sem a "decoração" mas que me pareceu um óptimo sítio para se estar. A música Desnorte ganhou a minha estima.

Saliento também  a importância que têm iniciativas como esta e como A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, ambas põem em foco o trabalho de pequenas bandas que precisam dessa divulgação, e eu já ouvi belíssima música sem estar propriamente à espera e isto faz com que valha imenso a pena vir a estes eventos. Estas bandas tocam com coração.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Pois, Café

"Pois..." Aquilo que mais se ouve dizer entre o povo português e talvez uma daquelas palavras que não têm uma tradução perfeita. É uma onomatopeia de resignação ou de confronto com a maléfica realidade, quando criamos na nossa cabeça o cenário abstracto ideal e, de repente, nos apresentam factos que invalidam toda esta situação hipotética.

Então e tens dinheiro para fazer isso?
Hm... Pois...

O "pois" é assim uma palavra crucial da nossa língua e fez-me pensar na nossa maneira bilingue de falar. Quantas vezes não damos por nós a comunicar numa espécie de portinglês quando para aquela situação não existem palavras mais adequadas do que estrangeirismos. É uma pena não dizer exactamente o que queremos só para salvar a integridade da nossa língua mãe, e então, lá deixamos sair um self-conscious porque "auto-consciente" soa estranho ou uma bitch em vez de "puta" mas com o significado de "sacana" e assim ninguém interpreta da maneira que não queremos. Será este o futuro da linguagem? Uma mixórdia tal que qualquer estrangeiro consegue sempre perceber parte do que estamos a dizer, um paleio universal, utopia cumprida!




O Pois, Café é um café austríaco, gerido por austríacos, com coisas austríacas. Chegados a Portugal depararam-se com a misteriosa palavra "pois", o filler da língua portuguesa, e assim foi baptizado o café, que passou então a invalidar os sonhos de muita gente.

Este espaço serve as melhores tostas de Lisboa e arredores em termos de sabor/originalidade e eu e a Margarida comemos a Romy (bacon, alho francês, molho de mel e carile rúcola com salada de rúcola, couve roxa, cenoura e pimento) todas as vezes que cá vamos porque... É impossível resistir e pedir outra coisa. Contudo, tem vindo a tornar-se mais cara e agora já anda nos 6.90€, que justifica perfeitamente a qualidade mas que continua a ser caro para uma refeição que apetece consumir pelo menos uma vez por semana.



Tirei um pequeno excerto descritivo do site da Lifecooler por causa de uma particularidade interessante em relação às mesas: são elas que dão personalidade aos diversos espaços dentro deste espaço (espaçoception?) e eu nunca tinha pensado nisso de maneira a que este fulanos (que é, como quem diz, simpáticos repórteres) mostraram-me a luz:

As mesas são inspiradas em cidades que lhe dão o nome. Desta forma, temos Buenos Aires, que é um recanto com sofás e mesinhas de apoio, as quais dão a sensação de estar em casa; Marraquexe, um divã alto aconchegado entre três paredes, com uma mesinha de levar o pequeno-almoço à cama no meio - é perfeita para o chá; Viena, de madeira trabalhada e a única com as cadeiras todas iguais, dá para as refeições (...) as restantes designam-se de Sydney, Moscovo e Fiji.

Eu gosto especialmente do lado Marraquexe, é a minha cara chapada por nos obrigar a comer de maneira menos convencional, de pernas pendentes, com o tabuleiro no colo, mirando todos os outros clientes, ou de pernas cruzadas e prato no divã, a olhar para a nossa companhia.



Vim cá com a Margarida jantar antes de irmos ver o concerto alucinante do Filho da Mãe no Teatro Maria de Matos, que por sinal também tem um café, mas essa é outra história.

O Pois faz parte da iniciativa de Bookcrossing e todos os livros arrumados nas estantes, mesas e mãos das pessoas podem ser usufruídos e até trocados por algum que se tenha em casa.




Este é também um óptimo sítio para se estar a estudar e a trabalhar (talvez mais trabalhar porque às vezes pode tornar-se barulhento). Tem wifi da casa e apanha o hotspot da Zon se não me engano. Imaginem isto: podem poisar o vosso portátil comodamente na zona Viena enquanto degustam um apfelstrudel e sentem aquele ambiente porreiro na pele apreciando um calorzinho de fim de tarde que vos bate na testa.

Por falar em strudel, esta casa faz-me sempre lembrar uma personagem alemã que conheci chamada Malte e que me ensinou a pronunciar correctamente o nome deste doce complicado e por isso vou passar-vos conhecimento precioso por aqui!

Arremetam também para o site deles porque tem as ementas da semana! Aqui. Go go.
Agora com novos horários das 11h às 22h todos os dias menos segunda.

Não esperem pela demora porque irei ter mais uma post sobre o sítio, é daqueles que merece, e aqui vai um cavalinho de Buenos Aires para o provar.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Café da Gulbenkian



A biblioteca da Gulbenkian é o local onde se refugiam muitos estudantes e gente gira para trabalhar e fazer pesquisa. Tem tudo o que se pode pedir: espaço, uma tomada para cada alma aflita, livros para consulta e um café/restaurante com esplanada ao lado onde podemos descontrair numa pausa do estudo.

A única coisa mais aborrecida é tirarem proveito de estarmos dependentes da biblioteca e aumentarem esponencialmente os preços. Graças a deus o galão ainda se mantém nuns aceitáveis 1.50€, mas mesmo assim não é dos mais baratos para o pequeno tamanho que possui. A sobremesa da Margarida acho que foi cerca de 3€ mas não me lembro bem, uma tacinha mixuruca, da qual provei um bocado (e aprovei). Acho que aqui o dinheiro retira sempre algum valor às coisas. Um galão por 0.50€ acaba por saber melhor do que se custar 4€. Nessa altura vamos estar demasiado indignados com o preço para nos dignarmos a sentir o sabor como deve de ser, não que possa haver muita ciência no galão (e nalguns estabelecimentos continuam a dizer que servem meia-de-leite e não galão, o que nunca percebo muito bem).




Outra coisa que esta história do galão me fez lembrar foi um produto que me tem intrigado bastante: galão em pó, "original", da nescafé. O meu problema com isto é o facto de se fazer juntando o conteúdo da saqueta a leite quente. Ora, mas se o café em pó normal que compramos já podemos juntar com leite quente para fazer um galão, então este galão em pó também se junta com leite quente? O meu cappuccino diário matinal é feito com água, por exemplo. Dá a ideia que é uma espécie de galão inception, ou estão a fazer de nós estúpidos dizendo "junta este café com leite e faz um galão", olha muito obrigada. E o que é que eles querem dizer com "original"? Isso é o mesmo que dizer tosta mista original, não há original! Enfim, adiante.



O café da Gulbenkian tem uma esplanada simpática coberta de guarda-sóis e onde alguns pássaros esfomeados nos vão importunar para conseguirem as nossas migalhas. Este processo envolve por vezes alguns vôos a rasar as nossas carecas e por isso deixo o aviso para serem cuidadosos. Neste serão em particular captei um pardal curioso e uma pomba com ares de que dominava todo aquele sítio, a dona da esplanada a olhar para nós, humanos.


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ler Devagar


Tenho ganho um carinho muito grande pela Ler Devagar. Esta junção de livraria/biblioteca com  café/bar/restaurante (os três mesmo!) prova que há certas barreiras que não precisam de existir, que a proibição só torna o quebrar das regras mais apetecível e que certos requisitos só contribuem para o mau-estar e desagrado. Refiro-me a este preconceito de que comida não joga bem com livros, e porque não? Aqui podemos beber um café enquanto pousamos o prato e a chávena delicadamente por cima de um Dostoevsky, de um Calvino ou de um Boris Vian. Problema? Nenhum! A responsabilidade parte de cada um de nós, somos adultos, sabemos que não devemos deitar café sobre literatura alheia, e se por acaso acontecer, porque os acidentes são inevitáveis, sabemos o preço a pagar, escrito a lápis na primeiro folha a seguir à capa.




E neste ambiente descontraído aproveitamos para trabalhar e encontrar alguma referência preciosa no meio dos livros poeirentos. A livraria tem obras recentes, mas tem muito mais pérolas antigas, edições passadas, um mundo dividido por várias prateleiras, umas tão altas que é impossível lá chegar sozinho e necessitamos, se tivermos coragem o suficiente, de requisitar a afamada escadinha que só os mais ousados se atrevem a pedir, isto porque o temperamento de alguns dos donos não é o melhor, mas depende da altura, às vezes mostram-se super prestáveis, outras vezes olham-nos como se fosse uma maçada estarem a servir-nos um café, por sinal bem caro, e quase que parece que seria preferível que nos reduzíssemos a pessoas pouco incomodativas que se limitassem a folhear livros. Isto tem um lado bom, nunca nos impingem nada, de vez em quando podem perguntar por delicadeza se queremos algo mas à partida é cada um por si, o que me agrada.



O preço é uma coisa bastante difícil de engolir, acho que é dos locais mais caros a que já fui em termos de custo de café, mas o espaço é tão precioso que continuo a lá voltar, não resisto,  é um íman, já temos o nosso spot especial junto à janela e aos queijos e lá se vão mais 3€ por um galão ou 3.50 por uma sandes minúscula (já não me lembro exactamente se eram estes os preços mas ainda hei-de confirmar). Ingrato foi eu ter comido e ter-me esquecido completamente de tirar fotos, sobrando ainda um prato com gordura e outro com metade de tosta com manteiga que a Margarida pediu e que, felizmente, comeu devagar.




Para além de tudo aquilo que esta antiga fábrica já é, ela tem também a particularidade de ser um espaço cultural, e mais, foi considerada uma das bibliotecas mais bonitas do Mundo. A Ler Devagar faz o reaproveitamente de uma antiga fábrica de impressão, estando o terceiro pseudo andar recheado de monstros mecânicos e de mais umas "obras" artísticas insólitas, gadgets que se movem através de manivelas e de sistemas complicados mas eficientes. A única vez que presenciei de facto algo a acontecer foi quando estive lá como caloira, a observar um artista maluco que me mostrava as suas invenções a funcionar, olhei com um fascínio tremendo enquanto me questionava para que servia aquilo tudo: não servia, hobbies suponho.



Há vários espaços dentro deste espaço. Uma vez em que cá pus os pés com o Tiago e com a Margarida andámos a vasculhar tudo como nunca tínhamos feito e encontrámos uma nova sala misteriosa, uma espécie de casa de árvore de madeira, adornada de um enorme bigode (sim! Bigode!) na sua parede exterior, prateleiras recheadas com livros no interior e, para nos estiraçarmos, tinha daquelas almofadas que se vêem nas cadeiras das piscinas. Quando nos sentámos reparámos no derradeiro pormenor crucial: uma corda que pendia de um buraco no tecto e que ao ser puxada fazia com que uma mão arremetesse contra um tambor ou prato que emitia um pequeno som abafado.




Por baixo das escadarias principais, se repararmos com atenção, também se esconde outra pequena pérola: um espaço reservado às crianças, que parece não ser muito usado devido aos rolos de papel higiénico lá armazenados mas que mesmo assim não deixa de dar um bom abrigo.



Outro dos micro espaços é uma sala dedicada a exposições, pequenos concertos e conferências. Esta sala está munida de um televisor, algumas cadeiras ostentosas, um pequeno palco e um piano preto. Seguindo a mesma política de confiança que têm nos visitantes, qualquer pessoa pode aproveitar para pôr os dedos a dançar no teclado. Da última vez que cá pus os pés vim ter com a Margarida e com o namorado no final de um pequeno festival de música que houve na Lx Factory. Agora que as actividades tinham cessado, o Tomás ficou a dar um pequeno show privado para os amigos. De vez em quando passava uma ou outra pessoa curiosa, perguntava-me se iriam ficar, contudo, por não terem os laços afectivos que nos uniam uns aos outros e que nos compeliam a ficar, tornando aquele evento em algo mais do que simples música mas num serão de amigos, as pessoas iam embora.



Noto que o espaço tem agora internet mas por aquilo que testámos não era das mais rápidas, no entanto pode ser que melhore. Têm também a alternativa da Fon Zon para quem tem mas também acaba por dar problemas, apesar desta segunda opção ser talvez melhor. Ah, e são de louvar estes horários:

Terça a quinta das 12h às 24h
Sexta e sábado das 12h às 02h
Domingo das 11h às 22h