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sexta-feira, 13 de julho de 2012
As Vicentinas
As Vicentinas ou Casa de Chá de Santa Isabel são um salão de chá que se iniciou na década de 50 como salão de costura. instalado num antigo armazém de bananas que foi cedido pela câmara ao grupo Vicentino para que pudesse fazer o seu ofício e gerar receitas para ajudar carenciados. Neste local realizavam-se também desfiles para mostrar as peças feitas, sendo aos convidados oferecido chá e scones, moda que começou a pegar e que foi o início do que é hoje esta casa de chá.
Pergunto eu: o que dá mais prazer? A aquisição de um novo vestido ou a degustação de um scone amanteigado? Depende da pessoa suponho, mas aparentemente a comida superou os desfiles de moda.
A entrada situa-se diante de um mini mercado do qual eu nunca ouvi falar, é discreta e podemos facilmente passar-lhe ao lado, mas impõe o seu respeito com uma sinalética que declara desde logo que aquele edifício tem história.
Entrando lá dentro deu a impressão de ser um espaço de habitués. Às 16h não havia ninguém excepto duas senhoras que estavam sentadas perto de nós. Gente jovem havia muito pouca, é uma casa típica onde pessoas maioritariamente mais velhas gostam de vir ter o seu momento zen e consumir chazinho, muitas delas trazendo os pais idosos.
Nunca discutir com as preferências sapientes dos avós. Eles sabem o que é bom ou, pelo menos, o que é original.
Uma das coisas que é impossível não notar aqui são os motivos religiosos. Ressaltou-me logo à vista um Jesus crucificado pendurado bem alto na parede e outro comodamente encostado na sua almofada olhando-nos com ar arrogante. Dir-se-ia até que teria estado a consumir uns scones à patrão e agora relaxava apenas de barriga cheia. Senti pena do Jesus superior. Aposto que durante todo o tempo que serviu de decoração a esta casa de chá desejou secretamente sair do seu suporte e ir sentar-se ao lado da sua representação mais jovem. Enfim, passei-lhes à frente e fomos sentar-nos num agradável espaço interior/exterior. A esplanada d'As Vicentinas tem a vista celeste coberta pelas copas das árvores e espaço para albergar ainda algumas pessoas, que bem que aqui se está, apesar de continuar com aquela pequena sensação de "serei jovem demais?".
Desta área era possível ver através das janelas para aqui viradas as outras salas: havia uma pequena sala cujas portas tinham flores, havia uma mesa, móveis e um cabide curioso e junto a ela havia acesso para um espaço que não funcionava sempre mas que pelo material que lá estava deu para perceber que a costura não desapareceu completamente em favor dos scones: eles ainda realizam workshops.
Atrás de mim estava uma mesa com os bolos do dia, algo que aconselho a não ver quando se está com fome, mas se querem mesmo sofrer sempre podem ver no facebook o que estão a perder. Para além disso costumam pôr lá a ementa do dia e talvez consigo informar-vos dos seus futuros eventos, se os houver.
Para consumo pedimos dois chás, um deles que seria um dos melhores que alguma vez bebi (frio claro) e o outro era o chá da casa (chá preto e limão se não estou em erro) que custou 1.50€. O que me soube que nem ginjas era um chá de frutas diversas, docinho mas não demais, saboroso mas não tão óbvio assim, fresco, uma maravilha.
Pedi também scones para acompanhar (1€ pelo primeiro, que traz manteiga, e 0.90 pelos que seguirem). Não resisti a repetir a dose, vieram mesmo a calhar, quentinhos, amanteigados à vontade do freguês, há muito tempo que não tinha um tea time como deve de ser e não me arrependi nada, aliás, tenho é de o fazer mais vezes.
Como o tema de conversa de hoje esteve de algum modo relacionado com comida decidi deixar aqui a grande questão que foi debatida: porque é que o Hurley da série Lost não emagrece nunca enquanto está na ilha? Uma das hipóteses foi ter problemas de tiróide mas honestamente ainda não percebi ao certo o que é que isso implica e se mesmo tendo esses problemas não seria possível emagrecer passando fome como ele passou. Ou simplesmente é o efeito da ilha, mas essa é a resposta fácil e parola.
Aberto de segunda a sexta das 11h às 19h e sábados das 15:30h às 19h.
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terça-feira, 26 de junho de 2012
Pensão Amor
Tenho uma relação curiosa com este espaço.
A primeira vez que ouvi falar da Pensão Amor foi quando li que ia abrir em Novembro de 2011 juntamente com dois novos bares: o Povo e o Bar da Velha Senhora. Era algo diferente que prometia voltar a dar vida ao Cais Sodré e que beneficiava também de uma posição estratégica muito perto do terminal de tudo o que é transporte público. Todos estes novos sítios, juntamente com a discotecas, ficam situados numa só rua: a rua Nova do Carvalhal, alcunhada de rua cor-de-rosa pela sua recente tonalidade machona, onde se juntam agora as gentes finas caviar e os trambolhos que gostam de morder os mamilos da Fabiana, a stripper do Viking. Este é um casamento de classes improvável, mas que ainda assim coexiste em moderada harmonia debaixo da rua do Alecrim.
Foi precisamente no final de Novembro que fiz também uma viagem para Budapeste. Durante uma semana deambulei pela cidade seguindo as passadas do meu amigo Nuno, para onde ele ia eu ia também, e assim conheci a vida estudantil, a vida citadina, a vida boémia... Quando voltei, a Pensão Amor pareceu-me uma fraca imitação dos Ruin Pubs húngaros de que tanto tinha gostado. Acabei por achar este novo sítio menos espectacular do que achavam as 300 mil pessoas que o enchem quase todos os dias. Pois é, das vezes que cá vim de noite mal me podia mexer e acabava sempre por ir embora irritada, e os preços, esqueçam os preços, decididamente só para gente caviar.
Contudo, ao contrário do que o meu discurso parece indicar, gosto muito deste sítio nas alturas certas, como foi esta última ocasião, em que vim mais cedo para assistir à inauguração do Festival Silêncio, começando com uma espécie de comentário moderado entre vários participantes sobre o "Poder das Palavras", sendo um deles membro dos Buraka Som Sistema.
Eram nove da noite e as réstias finais da luz do dia faziam com que o calor fosse ainda mais insuportável.
A Pensão Amor divide-se em várias salas tendo cada uma a sua particularidade interessante. Antes de entrarmos pela rua do Alecrim (a outra entrada é mais abaixo na rua cor-de-rosa) há um pequeno balcão esplanada com um dos bares que servem bebidas e alguns petiscos. Depois abrimos a porta para uma salta cheia de objectos, mesas, cadeiras, quadros, espelhos, posters, um papel de parede que invoca cabaret, tectos meios kitch, candeeiros, etc.
Mais adiante entramos no espaço onde estava a decorrer o festival e onde há espaço para quem quer dançar. Há também um bar (e tem preços de dia e de noite, watch out!), um sofá grande, várias varandas onde podemos ir apanhar uma lufada de ar fresco e uma cabeça de veado que emerge da parede, atingida por um foco luminoso que a destaca ainda mais. Este pormenor gritava Ruin Pub por todos os lados.
Continuando, temos a casa-de-banho que, verdade seja dita, é extremamente interessante do ponto de vista decorativo. Mais à frente entramos nas escadarias que vão dar aos quartos de aluguer que funcionam um pouco no esquema da Lx Factory (se não me engano).
Avançando um pouco mais há mais uma sala de estar com um varão de striptease no meio, tecto psicadélico e sofás leopardo, aqui também se situa a livraria erótica onde quem quiser pode vir comprar livros e uma loja de acessórios sugestivos chamada Purple Rose num corredor à parte forrado a pêlo.
Está aberto de segunda a quarta das 12h às 02h, quinta e sexta das 12h às 04h e sábado das 18h às 04h.
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sábado, 26 de maio de 2012
2 ao Quadrado
Depois do Café Saudade nos fechar a porta à meia-noite, decidimos não acabar por ali e ir à procura de mais qualquer coisa, mas o quê? Informámo-nos com o senhor que estava a fechar o estabelecimento e que parecia super disposto a nos ajudar (tinha talvez um pequeno sentimento de culpa por nos estar a mandar embora). Sugeriu-nos um bar chamado 2 ao Quadrado e lá nos dirigimos para o local.
Este é um espaço um pouco mais barulhento do que os que tínhamos estado anteriormente. Tem já um pequeno toque de tasca (pelas mesas e pelas gentes) mas ao mesmo tempo vê-se que há bastante camaradagem entre os frequentadores e também um certo apreço pela cultura como se pode observar pela enorme quantidade de flyers e posters que têm a revestir as paredes e que nos relembram obras fantásticas como os filmes de Jacques Tati, nos trazem à memória a primeira vez que vimos o Laranja Mecânica, ou nos põem a dissertar falas dos sketches dos Monty Python.
Sempre achei que quando mais adereços tem um sítio, mais motivos de conversa se arranjam. É claro que na maioria dos casos não é preciso, mas é interessante passar os olhos através desta panóplia de cartazes e ir relatando coisas sobre eles, apreciando a sua estética, falar deste ou daquele actor, etc
Os preços que aqui oferecem são bastante generosos, mas a simpatia dos funcionários não foi assim tão generosa e pareceram-me um bocado carrancudos (mas não sei porquê quase que poderia adivinhar que seria assim, falácia, pensamos sempre que já sabíamos aquilo que não fazíamos ideia). Uma tosta com três ingredientes custa 2.60€ (à escolha queijo, fiambre, tomate e cogumelos). Uma imperial pequena custa 1€ e uma caneca com o dobro (44cl) custa 1.90€, um licor beirão custou 2.50€ e um vinho do porto 2€, sem contar com as meias doses que eles têm (que ficam a um pouco mais de metade do preço).
Há também uma sala mais interior que tem mesas de snooker, nós ficámo-nos pela cerveja, pelo licor beirão (que descobri que afinal não gostava assim tanto) e pelo vinho do porto. Substituímos jogo por conversa e no meu caso também por desenhos. Foi aqui que me estreei a desenhar gatos em locais que visito, talvez venha a fazer disso o meu Z de Zorro. Coloquei-o debaixo do tampo da mesa, juntamente com o resto da papelada que já lá estava. Assegurei-me que estava minimamente profundo para não o tirarem de lá.
Eles costumam ter alguns eventos musicais e pelo que pesquisei chegaram a ter conferências. O website parece não ser muito actualizado mas por via das dúvidas vão dando uma olhada.
Aberto de segundas a quintas das 12h às 24h e sextas e sábados das 12h às 2h.
Este é um espaço um pouco mais barulhento do que os que tínhamos estado anteriormente. Tem já um pequeno toque de tasca (pelas mesas e pelas gentes) mas ao mesmo tempo vê-se que há bastante camaradagem entre os frequentadores e também um certo apreço pela cultura como se pode observar pela enorme quantidade de flyers e posters que têm a revestir as paredes e que nos relembram obras fantásticas como os filmes de Jacques Tati, nos trazem à memória a primeira vez que vimos o Laranja Mecânica, ou nos põem a dissertar falas dos sketches dos Monty Python.
Sempre achei que quando mais adereços tem um sítio, mais motivos de conversa se arranjam. É claro que na maioria dos casos não é preciso, mas é interessante passar os olhos através desta panóplia de cartazes e ir relatando coisas sobre eles, apreciando a sua estética, falar deste ou daquele actor, etc
Os preços que aqui oferecem são bastante generosos, mas a simpatia dos funcionários não foi assim tão generosa e pareceram-me um bocado carrancudos (mas não sei porquê quase que poderia adivinhar que seria assim, falácia, pensamos sempre que já sabíamos aquilo que não fazíamos ideia). Uma tosta com três ingredientes custa 2.60€ (à escolha queijo, fiambre, tomate e cogumelos). Uma imperial pequena custa 1€ e uma caneca com o dobro (44cl) custa 1.90€, um licor beirão custou 2.50€ e um vinho do porto 2€, sem contar com as meias doses que eles têm (que ficam a um pouco mais de metade do preço).
Há também uma sala mais interior que tem mesas de snooker, nós ficámo-nos pela cerveja, pelo licor beirão (que descobri que afinal não gostava assim tanto) e pelo vinho do porto. Substituímos jogo por conversa e no meu caso também por desenhos. Foi aqui que me estreei a desenhar gatos em locais que visito, talvez venha a fazer disso o meu Z de Zorro. Coloquei-o debaixo do tampo da mesa, juntamente com o resto da papelada que já lá estava. Assegurei-me que estava minimamente profundo para não o tirarem de lá.
Eles costumam ter alguns eventos musicais e pelo que pesquisei chegaram a ter conferências. O website parece não ser muito actualizado mas por via das dúvidas vão dando uma olhada.
Aberto de segundas a quintas das 12h às 24h e sextas e sábados das 12h às 2h.
Café Saudade
Pergunto-me se se pode ter "saudade" de um sítio onde nunca se esteve. De todas as vezes que tentei nunca consegui arranjar um pretexto grande o suficiente para me teletransportar para Sintra, mas hoje tudo aconteceu num ápice.
Tal como o Pois, Café, também este utiliza uma palavra tipicamente portuguesa no seu nome: saudade. Por mais melancólico que seja o seu significado, não deixa de ser uma palavra de grande beleza. Não sei se alguma vez terei um sentimento tão forte por um local em si (sou capaz de utilizar a palavra para me referir à cidade de Lisboa), acho que quando sentimos falta de um sítio sentimos falta de tudo o que lhe está agregado, sentimos falta do "serão", amigos mais do que incluídos, o essencial mas não obrigatório sabor da comida, e o ambiente que nos rodeia e que pode fomentar a conversa.
Viemos para pouco ficar mas o tempo de estadia foi mais do que o suficiente para dar uma volta pelas redondezas e explorar as imensas divisões desta casa. Não sabia que era assim tão grande, as fotos realmente nunca fazem juz aos locais, as minhas incluídas! Eles têm salas de exposições, salas de mostra de objectos e salas de venda de bibelots, sem mencionar que a cozinha se situa no meio de tudo e temos sempre a possibilidade de cuscar o que andam para ali a fazer, algo que fiz, mas mais para lhes relembrar que tinha pedido uma limonada, e lá veio ela em toda a sua doçura atómica.
Algo que devem saber sobre mim: tenho muitas aftas, gosto especialmente de baptizá-las com este tipo de bebidas ácidas, que como sabem é super conveniente. Mas sobrevivi para continuar a relatar as minhas estadias em cafés e é isso que interessa.
De qualquer dos modos aquela limonada (1.60€) soube-me a muito. A Carolina pediu um chocolate quente com um aspecto de fazer inveja, e os três rapazes dividiram um chazinho, estas escolhas parecem ligeiramente fora de contexto ditas assim mas não há nenhuma regra que diga que os homens não podem dividir um bule de chá entre eles, isso e receber flores.
Pouco tempo depois estávamos a juntar uma mesa extra para mais convidados e a conversa mudou para os filmes. É sempre bom quando alguém conhece um dos meus filmes favoritos de sempre e gosta. Partilho aqui a página imdb do delicioso O, Lucky Man!, com o Malcolm McDowell. De salutar também a banda sonora do vídeo pelo dedicado Alan Price (pianista da banda The Animals) com pérolas como Poor People, O, Lucky Man! e Sell Sell, e por falar em vender, sinto que estou a fazer isso neste momento.
Costumam ter alguns eventos, nomeadamente às quintas-feiras, altura em que se junta um pequeno grupo de interessados na leitura à volta de um orador principal e discutem uma obra escolhida. De qualquer dos modos é ir confirmando no facebook do café já que o blog não parece ser actualizado.
Aberto de segunda a sábado (com folga às quartas) das 8:30h à meia-noite, embora o simpático senhor que nos serviu nos tenha dito que tencionam agora prolongar um pouco mais o horário.
Domingos está aberto das 9h às 20h. Ah, e têm internet gratuita.
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Salla de Estar
Há uns meses tinha começado a fazer a minha lista de bares e cafés a visitar em Sintra, era um plano mais ambicioso porque fica mais longe de casa e requer transportes para os quais não tenho passe, mas seria um desafio. Felizmente a Carolina tratou de mostrar-me três desses sítios numa só noite e desse modo pude riscá-los airosamente do papel numa espécie de Z de zorro, rápido e eficaz.
A primeira paragem foi o bar Salla de Estar onde nos sentámos para comer qualquer coisa, este sítio faz-me lembrar uma mistura de Wanli com Pavilhão Chinês ou algo semelhante, sofás confortáveis em toda a parte e evidências de sentirem um carinho especial pela cerveja Heineken, têm uma fonte delas, não, é que têm mesmo! Para além de que decoraram uma das colunas só com os isoladores da marca, isto é que é amor. E eu continuo a esforçar-me para gostar de cerveja mas ainda não será desta. Ao menos gosto de pão, ah, muitas histórias e conhecimento científico foram partilhadas neste dia!
O espaço tem um hall de entrada, com uma mesinha com flyers e um peixe estranho, que depois dá acesso a dois andares, um inferior e um superior, o de baixo que se deve tornar possivelmente mais animado por ter o balcão e alguns espaços de entretenimento como uma mesa de snooker, um piano (não percebi se se pode tocar piano ali mas o facto é que havia um) e a televisão (para ver jogatana suponho). Tem também a tal fonte de garrafas, juntamente com mais alguns bibelots incluindo um gato de porcelana, com a qual damos mal começamos a descer as escadas, logo após sermos seriamente observados pelo nosso amigo Chaplin, pintado em azulejo.
As paredes estão repletas de coisas interessantes que eu devia ter investigado com mais cuidado mas estava numa espécie de overload de fome e entusiasmo e então não sabia muito bem para onde me havia de virar. Havia embalagens de bebidas espalhadas numa das paredes como se estivessem a boiar nela, posters vintage, ou melhor, imagens impressas em A4 coladas em todo o lado. Para não mencionar quadros com motivos sem nenhum critério em especial, material equestre, pratos, livros, trezentas mil coisas, este sítio é uma espécie de arrecadação fora de casa.
Fotografei exaustivamente o local e ganhei logo a alcunha de fotógrafa pela parte do moço que nos veio servir as tostas que, por falta de um nome pelo qual me chamar, teve de dizer para me desviar do seu caminho com uma alcunha. Sempre é melhor do que "hey, psst".
O momento de degustação de tostas foi particularmente interessante, acabei por não ficar com registo porque estava basicamente num exercício de equilibrismo do prato nos joelhos e não dava assim muito jeito. Comemos na penumbra do andar de cima, num canto repleto de sofazinhos, pedi uma tosta de frango, a Carolina de atum, o Casimiro pediu a da casa, o Zé pediu um crepe, o Rodrigo pediu uma bebida e comeu a comida de todos portanto acabou por ficar melhor servido, aliás, foi ele que descobriu que a minha tosta e a da Carol tinham sido trocadas, e que na realidade eu estava a comer atum e ela frango, aparentemente não notámos a diferença mas, em minha defesa, o atum é um peixe que sabe a carne e é diferente dos outros, e o frango é uma carne que sabe a atum e por isso é diferente das outras, não quero saber, estão bem um para o outro (para além de que os molhos ainda eliminam mais o pouco sabor destes dois).
Mantenho o meu orgulho!
Acho que as tostas foram cerca de 3.50€, são bastante grandes, vêm em duas partes e têm a forma de peixe (que irónico) não sei porquê. Lembraram-me sardinhas doces na altura (que é um dos doces que mais adoro, tradicional de Trancoso!). Bem talvez esteja a exagerar um pouco. Ah, as tostas estavam deliciosas, frango ou atum, não interessa!
A conversa derivou para as gomas, que sempre foi algo que me enjoou, e fiquei a saber que são uma espécie de gelatina solidificada e com muito açúcar, portanto uma grandíssima bosta, e como bónus a receita estava escrita por detrás dos pacotes de açúcar que estavam nas mesas.
No andar de cima o ambiente é mais calmo. Há um "buraco", no qual estão escritas na ardósia as bebidas e os preços, e através dele conseguimos ver as carecas de quem se senta ao pé do bar.
No piso superior há mais objectos de colecção que aludem ao tema marítimo, nomeadamente barcos, mas há também uma boia, peixes, nós de marinheiro envidraçados, imagens emolduradas, etc.
As mesas têm uma espécie de isolador para pratos que são um reaproveitamente de vinis antigos, uma ideia já vista mas que fica sempre bem e condiz com o ambiente.
As cortinas de veludo dão um toque burlesco (a determinada altura fizemos uma piada com isto mas já não me lembro), reforçado pelos padrões na parede, candeeiros com franjinhas e algumas imagens de mulheres espalhadas também um pouco por todo o lado.
Não consegui bem descobrir um artigo perfeito para vos passar a ideia de que tomar pequenas doses de algo mau algumas vezes na vida faz melhor do que nunca experimentar certas coisas porque contribui para que o corpo vá ganhando imunidade contra essas mesmas (um dos exemplos foi o tabaco). De qualquer dos modos descobri um artigo na wikipedia que parecia falar também de pequenas doses embora não vá completamente ao encontro disto, aqui está ele, não deixa de ter as suas contradições, como tudo na vida.
A primeira paragem foi o bar Salla de Estar onde nos sentámos para comer qualquer coisa, este sítio faz-me lembrar uma mistura de Wanli com Pavilhão Chinês ou algo semelhante, sofás confortáveis em toda a parte e evidências de sentirem um carinho especial pela cerveja Heineken, têm uma fonte delas, não, é que têm mesmo! Para além de que decoraram uma das colunas só com os isoladores da marca, isto é que é amor. E eu continuo a esforçar-me para gostar de cerveja mas ainda não será desta. Ao menos gosto de pão, ah, muitas histórias e conhecimento científico foram partilhadas neste dia!
O espaço tem um hall de entrada, com uma mesinha com flyers e um peixe estranho, que depois dá acesso a dois andares, um inferior e um superior, o de baixo que se deve tornar possivelmente mais animado por ter o balcão e alguns espaços de entretenimento como uma mesa de snooker, um piano (não percebi se se pode tocar piano ali mas o facto é que havia um) e a televisão (para ver jogatana suponho). Tem também a tal fonte de garrafas, juntamente com mais alguns bibelots incluindo um gato de porcelana, com a qual damos mal começamos a descer as escadas, logo após sermos seriamente observados pelo nosso amigo Chaplin, pintado em azulejo.
As paredes estão repletas de coisas interessantes que eu devia ter investigado com mais cuidado mas estava numa espécie de overload de fome e entusiasmo e então não sabia muito bem para onde me havia de virar. Havia embalagens de bebidas espalhadas numa das paredes como se estivessem a boiar nela, posters vintage, ou melhor, imagens impressas em A4 coladas em todo o lado. Para não mencionar quadros com motivos sem nenhum critério em especial, material equestre, pratos, livros, trezentas mil coisas, este sítio é uma espécie de arrecadação fora de casa.
Fotografei exaustivamente o local e ganhei logo a alcunha de fotógrafa pela parte do moço que nos veio servir as tostas que, por falta de um nome pelo qual me chamar, teve de dizer para me desviar do seu caminho com uma alcunha. Sempre é melhor do que "hey, psst".
O momento de degustação de tostas foi particularmente interessante, acabei por não ficar com registo porque estava basicamente num exercício de equilibrismo do prato nos joelhos e não dava assim muito jeito. Comemos na penumbra do andar de cima, num canto repleto de sofazinhos, pedi uma tosta de frango, a Carolina de atum, o Casimiro pediu a da casa, o Zé pediu um crepe, o Rodrigo pediu uma bebida e comeu a comida de todos portanto acabou por ficar melhor servido, aliás, foi ele que descobriu que a minha tosta e a da Carol tinham sido trocadas, e que na realidade eu estava a comer atum e ela frango, aparentemente não notámos a diferença mas, em minha defesa, o atum é um peixe que sabe a carne e é diferente dos outros, e o frango é uma carne que sabe a atum e por isso é diferente das outras, não quero saber, estão bem um para o outro (para além de que os molhos ainda eliminam mais o pouco sabor destes dois).
Mantenho o meu orgulho!
Acho que as tostas foram cerca de 3.50€, são bastante grandes, vêm em duas partes e têm a forma de peixe (que irónico) não sei porquê. Lembraram-me sardinhas doces na altura (que é um dos doces que mais adoro, tradicional de Trancoso!). Bem talvez esteja a exagerar um pouco. Ah, as tostas estavam deliciosas, frango ou atum, não interessa!
A conversa derivou para as gomas, que sempre foi algo que me enjoou, e fiquei a saber que são uma espécie de gelatina solidificada e com muito açúcar, portanto uma grandíssima bosta, e como bónus a receita estava escrita por detrás dos pacotes de açúcar que estavam nas mesas.
No andar de cima o ambiente é mais calmo. Há um "buraco", no qual estão escritas na ardósia as bebidas e os preços, e através dele conseguimos ver as carecas de quem se senta ao pé do bar.
No piso superior há mais objectos de colecção que aludem ao tema marítimo, nomeadamente barcos, mas há também uma boia, peixes, nós de marinheiro envidraçados, imagens emolduradas, etc.
As mesas têm uma espécie de isolador para pratos que são um reaproveitamente de vinis antigos, uma ideia já vista mas que fica sempre bem e condiz com o ambiente.
As cortinas de veludo dão um toque burlesco (a determinada altura fizemos uma piada com isto mas já não me lembro), reforçado pelos padrões na parede, candeeiros com franjinhas e algumas imagens de mulheres espalhadas também um pouco por todo o lado.
Não consegui bem descobrir um artigo perfeito para vos passar a ideia de que tomar pequenas doses de algo mau algumas vezes na vida faz melhor do que nunca experimentar certas coisas porque contribui para que o corpo vá ganhando imunidade contra essas mesmas (um dos exemplos foi o tabaco). De qualquer dos modos descobri um artigo na wikipedia que parecia falar também de pequenas doses embora não vá completamente ao encontro disto, aqui está ele, não deixa de ter as suas contradições, como tudo na vida.
terça-feira, 22 de maio de 2012
Pois, Café
"Pois..." Aquilo que mais se ouve dizer entre o povo português e talvez uma daquelas palavras que não têm uma tradução perfeita. É uma onomatopeia de resignação ou de confronto com a maléfica realidade, quando criamos na nossa cabeça o cenário abstracto ideal e, de repente, nos apresentam factos que invalidam toda esta situação hipotética.
Então e tens dinheiro para fazer isso?
Hm... Pois...
O "pois" é assim uma palavra crucial da nossa língua e fez-me pensar na nossa maneira bilingue de falar. Quantas vezes não damos por nós a comunicar numa espécie de portinglês quando para aquela situação não existem palavras mais adequadas do que estrangeirismos. É uma pena não dizer exactamente o que queremos só para salvar a integridade da nossa língua mãe, e então, lá deixamos sair um self-conscious porque "auto-consciente" soa estranho ou uma bitch em vez de "puta" mas com o significado de "sacana" e assim ninguém interpreta da maneira que não queremos. Será este o futuro da linguagem? Uma mixórdia tal que qualquer estrangeiro consegue sempre perceber parte do que estamos a dizer, um paleio universal, utopia cumprida!
O Pois, Café é um café austríaco, gerido por austríacos, com coisas austríacas. Chegados a Portugal depararam-se com a misteriosa palavra "pois", o filler da língua portuguesa, e assim foi baptizado o café, que passou então a invalidar os sonhos de muita gente.
Este espaço serve as melhores tostas de Lisboa e arredores em termos de sabor/originalidade e eu e a Margarida comemos a Romy (bacon, alho francês, molho de mel e carile rúcola com salada de rúcola, couve roxa, cenoura e pimento) todas as vezes que cá vamos porque... É impossível resistir e pedir outra coisa. Contudo, tem vindo a tornar-se mais cara e agora já anda nos 6.90€, que justifica perfeitamente a qualidade mas que continua a ser caro para uma refeição que apetece consumir pelo menos uma vez por semana.
Tirei um pequeno excerto descritivo do site da Lifecooler por causa de uma particularidade interessante em relação às mesas: são elas que dão personalidade aos diversos espaços dentro deste espaço (espaçoception?) e eu nunca tinha pensado nisso de maneira a que este fulanos (que é, como quem diz, simpáticos repórteres) mostraram-me a luz:
As mesas são inspiradas em cidades que lhe dão o nome. Desta forma, temos Buenos Aires, que é um recanto com sofás e mesinhas de apoio, as quais dão a sensação de estar em casa; Marraquexe, um divã alto aconchegado entre três paredes, com uma mesinha de levar o pequeno-almoço à cama no meio - é perfeita para o chá; Viena, de madeira trabalhada e a única com as cadeiras todas iguais, dá para as refeições (...) as restantes designam-se de Sydney, Moscovo e Fiji.
Eu gosto especialmente do lado Marraquexe, é a minha cara chapada por nos obrigar a comer de maneira menos convencional, de pernas pendentes, com o tabuleiro no colo, mirando todos os outros clientes, ou de pernas cruzadas e prato no divã, a olhar para a nossa companhia.
Vim cá com a Margarida jantar antes de irmos ver o concerto alucinante do Filho da Mãe no Teatro Maria de Matos, que por sinal também tem um café, mas essa é outra história.
O Pois faz parte da iniciativa de Bookcrossing e todos os livros arrumados nas estantes, mesas e mãos das pessoas podem ser usufruídos e até trocados por algum que se tenha em casa.
Este é também um óptimo sítio para se estar a estudar e a trabalhar (talvez mais trabalhar porque às vezes pode tornar-se barulhento). Tem wifi da casa e apanha o hotspot da Zon se não me engano. Imaginem isto: podem poisar o vosso portátil comodamente na zona Viena enquanto degustam um apfelstrudel e sentem aquele ambiente porreiro na pele apreciando um calorzinho de fim de tarde que vos bate na testa.
Por falar em strudel, esta casa faz-me sempre lembrar uma personagem alemã que conheci chamada Malte e que me ensinou a pronunciar correctamente o nome deste doce complicado e por isso vou passar-vos conhecimento precioso por aqui!
Arremetam também para o site deles porque tem as ementas da semana! Aqui. Go go.
Então e tens dinheiro para fazer isso?
Hm... Pois...
O "pois" é assim uma palavra crucial da nossa língua e fez-me pensar na nossa maneira bilingue de falar. Quantas vezes não damos por nós a comunicar numa espécie de portinglês quando para aquela situação não existem palavras mais adequadas do que estrangeirismos. É uma pena não dizer exactamente o que queremos só para salvar a integridade da nossa língua mãe, e então, lá deixamos sair um self-conscious porque "auto-consciente" soa estranho ou uma bitch em vez de "puta" mas com o significado de "sacana" e assim ninguém interpreta da maneira que não queremos. Será este o futuro da linguagem? Uma mixórdia tal que qualquer estrangeiro consegue sempre perceber parte do que estamos a dizer, um paleio universal, utopia cumprida!
O Pois, Café é um café austríaco, gerido por austríacos, com coisas austríacas. Chegados a Portugal depararam-se com a misteriosa palavra "pois", o filler da língua portuguesa, e assim foi baptizado o café, que passou então a invalidar os sonhos de muita gente.
Este espaço serve as melhores tostas de Lisboa e arredores em termos de sabor/originalidade e eu e a Margarida comemos a Romy (bacon, alho francês, molho de mel e carile rúcola com salada de rúcola, couve roxa, cenoura e pimento) todas as vezes que cá vamos porque... É impossível resistir e pedir outra coisa. Contudo, tem vindo a tornar-se mais cara e agora já anda nos 6.90€, que justifica perfeitamente a qualidade mas que continua a ser caro para uma refeição que apetece consumir pelo menos uma vez por semana.
Tirei um pequeno excerto descritivo do site da Lifecooler por causa de uma particularidade interessante em relação às mesas: são elas que dão personalidade aos diversos espaços dentro deste espaço (espaçoception?) e eu nunca tinha pensado nisso de maneira a que este fulanos (que é, como quem diz, simpáticos repórteres) mostraram-me a luz:
As mesas são inspiradas em cidades que lhe dão o nome. Desta forma, temos Buenos Aires, que é um recanto com sofás e mesinhas de apoio, as quais dão a sensação de estar em casa; Marraquexe, um divã alto aconchegado entre três paredes, com uma mesinha de levar o pequeno-almoço à cama no meio - é perfeita para o chá; Viena, de madeira trabalhada e a única com as cadeiras todas iguais, dá para as refeições (...) as restantes designam-se de Sydney, Moscovo e Fiji.
Eu gosto especialmente do lado Marraquexe, é a minha cara chapada por nos obrigar a comer de maneira menos convencional, de pernas pendentes, com o tabuleiro no colo, mirando todos os outros clientes, ou de pernas cruzadas e prato no divã, a olhar para a nossa companhia.
Vim cá com a Margarida jantar antes de irmos ver o concerto alucinante do Filho da Mãe no Teatro Maria de Matos, que por sinal também tem um café, mas essa é outra história.
O Pois faz parte da iniciativa de Bookcrossing e todos os livros arrumados nas estantes, mesas e mãos das pessoas podem ser usufruídos e até trocados por algum que se tenha em casa.
Este é também um óptimo sítio para se estar a estudar e a trabalhar (talvez mais trabalhar porque às vezes pode tornar-se barulhento). Tem wifi da casa e apanha o hotspot da Zon se não me engano. Imaginem isto: podem poisar o vosso portátil comodamente na zona Viena enquanto degustam um apfelstrudel e sentem aquele ambiente porreiro na pele apreciando um calorzinho de fim de tarde que vos bate na testa.
Por falar em strudel, esta casa faz-me sempre lembrar uma personagem alemã que conheci chamada Malte e que me ensinou a pronunciar correctamente o nome deste doce complicado e por isso vou passar-vos conhecimento precioso por aqui!
Arremetam também para o site deles porque tem as ementas da semana! Aqui. Go go.
Agora com novos horários das 11h às 22h todos os dias menos segunda.
Não esperem pela demora porque irei ter mais uma post sobre o sítio, é daqueles que merece, e aqui vai um cavalinho de Buenos Aires para o provar.
Não esperem pela demora porque irei ter mais uma post sobre o sítio, é daqueles que merece, e aqui vai um cavalinho de Buenos Aires para o provar.
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