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terça-feira, 10 de julho de 2012

Nata Lisboa



Este é provavelmente um dos sítios a que cheguei mais perto da altura de inauguração, o Nata Lisboa fez algum barulho quando abriu no Princípe Real e começou logo a criar-se expectativa. Antes de escrever sobre o que quer que seja costumo fazer alguma pesquisa sobre o que já foi dito e deparei-me com alguns comentários negativos sobre quem estaria por detrás deste futuro franchising. Tenho a dizer que indepedentemente das más línguas o sítio foi um dos mais agradáveis a que já fui e conseguiu surpreender-me em dois aspectos simples mas peculiares.



O primeiro dos aspectos em que notei, não tivesse eu ido lá para trabalhar, foi no facto de ser possível carregar o computador estando nós na esplanada mas não dentro do próprio café, isto é, havia uma ficha quádrupla (é assim que se diz?) de desenrolar ao lado de uma espreguiçadeira de pedra. Isto é completamente oposto ao que costuma acontecer nos outros cafés, em que chega uma altura em que temos de nos mover para o interior onde residem as tomadas. Não aqui.




Outra das coisas que me surpreendeu e alegrou foi uma estrutura de madeira colocada no jardim que funcionava como escultura interactiva. Subindo as escadas bamboleantes podíamos sentar-nos no topo a observar para além do telhado que nos tapava a vista. Faz medo porque a cada degrau ouvimos o ranger medonho debaixo dos nossos pés e o próprio assento do banco é um pouco estranho. Não deixa de ser algo interessante e diferente e que me fez lembrar um downgrade de uma obra do Work of Art, um programa que tem inspirado o meu lado artístico mas do qual honestamente não sei ainda o que pensar dado a subjectividade da coisa.



O sítio não tem este nome por acaso, o pastel de nata é a sua razão de existência e a sua divulgação é uma espécie de missão que eles querem cumprir. Eu não pedi o pastel de nata, não sei se é um grande faux pas, mas sei que a sandes mista (1.65€) que me serviram juntamente com o chá frio (1.15€) me soube divinamente bem como nenhuma sandes tão simples me tinha sabido há um longo tempo. O pão era óptimo. Os preços são também bastante competitivos, em suma, não tenho queixas de nada, o serviço foi impecável (e ponham ênfase nisso). Infelizmente não tirei fotos de nada (é um bom sinal suponho, estava demasiado deliciada a consumir para me lembrar).





Estivemos ainda a andar pelo jardim e eu senti-me como uma criança estupidamente contente, sentei-me numa espécie de monumento de pedra que eles lá tinham, o Nuno e a Margarida experimentaram os bancos/estiradeiras de madeira, subimos todos à delicada estrutura com ares de perecível, contemplámos a parede que mais parecia um jogo de escalada e eu questionei o que fazia um cacto dentro de uma banheira.



Vão lá ver com os vossos olhos que vale a pena, e dêem também uma olhada na Livraria Babel/Fabrico Infinito, cuja entrada é partilhada com este café.

Aberto de segunda a sábado, das 10h às 20:30h, fechado aos domingos.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Pensão Amor



Tenho uma relação curiosa com este espaço.

A primeira vez que ouvi falar da Pensão Amor foi quando li que ia abrir em Novembro de 2011 juntamente com dois novos bares: o Povo e o Bar da Velha Senhora. Era algo diferente que prometia voltar a dar vida ao Cais Sodré e que beneficiava também de uma posição estratégica muito perto do terminal de tudo o que é transporte público. Todos estes novos sítios, juntamente com a discotecas, ficam situados numa só rua: a rua Nova do Carvalhal, alcunhada de rua cor-de-rosa pela sua recente tonalidade machona, onde se juntam agora as gentes finas caviar e os trambolhos que gostam de morder os mamilos da Fabiana, a stripper do Viking. Este é um casamento de classes improvável, mas que ainda assim coexiste em moderada harmonia debaixo da rua do Alecrim.

Foi precisamente no final de Novembro que fiz também uma viagem para Budapeste. Durante uma semana deambulei pela cidade seguindo as passadas do meu amigo Nuno, para onde ele ia eu ia também, e assim conheci a vida estudantil, a vida citadina, a vida boémia... Quando voltei, a Pensão Amor pareceu-me uma fraca imitação dos Ruin Pubs húngaros de que tanto tinha gostado. Acabei por achar este novo sítio menos espectacular do que achavam as 300 mil pessoas que o enchem quase todos os dias. Pois é, das vezes que cá vim de noite mal me podia mexer e acabava sempre por ir embora irritada, e os preços, esqueçam os preços, decididamente só para gente caviar.



Contudo, ao contrário do que o meu discurso parece indicar, gosto muito deste sítio nas alturas certas, como foi esta última ocasião, em que vim mais cedo para assistir à inauguração do Festival Silêncio, começando com uma espécie de comentário moderado entre vários participantes sobre o "Poder das Palavras", sendo um deles membro dos Buraka Som Sistema. 

Eram nove da noite e as réstias finais da luz do dia faziam com que o calor fosse ainda mais insuportável.



A Pensão Amor divide-se em várias salas tendo cada uma a sua particularidade interessante. Antes de entrarmos pela rua do Alecrim (a outra entrada é mais abaixo na rua cor-de-rosa) há um pequeno balcão esplanada com um dos bares que servem bebidas e alguns petiscos. Depois abrimos a porta para uma salta cheia de objectos, mesas, cadeiras, quadros, espelhos, posters, um papel de parede que invoca cabaret, tectos meios kitch, candeeiros, etc.

Mais adiante entramos no espaço onde estava a decorrer o festival e onde há espaço para quem quer dançar. Há também um bar (e tem preços de dia e de noite, watch out!), um sofá grande, várias varandas onde podemos ir apanhar uma lufada de ar fresco e uma cabeça de veado que emerge da parede, atingida por um foco luminoso que a destaca ainda mais. Este pormenor gritava Ruin Pub por todos os lados.



Continuando, temos a casa-de-banho que, verdade seja dita, é extremamente interessante do ponto de vista decorativo. Mais à frente entramos nas escadarias que vão dar aos quartos de aluguer que funcionam um pouco no esquema da Lx Factory (se não me engano).




Avançando um pouco mais há mais uma sala de estar com um varão de striptease no meio, tecto psicadélico e sofás leopardo, aqui também se situa a livraria erótica onde quem quiser pode vir comprar livros e uma loja de acessórios sugestivos chamada Purple Rose num corredor à parte forrado a pêlo.





Está aberto de segunda a quarta das 12h às 02h, quinta e sexta das 12h às 04h e sábado das 18h às 04h.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Ler Devagar


Tenho ganho um carinho muito grande pela Ler Devagar. Esta junção de livraria/biblioteca com  café/bar/restaurante (os três mesmo!) prova que há certas barreiras que não precisam de existir, que a proibição só torna o quebrar das regras mais apetecível e que certos requisitos só contribuem para o mau-estar e desagrado. Refiro-me a este preconceito de que comida não joga bem com livros, e porque não? Aqui podemos beber um café enquanto pousamos o prato e a chávena delicadamente por cima de um Dostoevsky, de um Calvino ou de um Boris Vian. Problema? Nenhum! A responsabilidade parte de cada um de nós, somos adultos, sabemos que não devemos deitar café sobre literatura alheia, e se por acaso acontecer, porque os acidentes são inevitáveis, sabemos o preço a pagar, escrito a lápis na primeiro folha a seguir à capa.




E neste ambiente descontraído aproveitamos para trabalhar e encontrar alguma referência preciosa no meio dos livros poeirentos. A livraria tem obras recentes, mas tem muito mais pérolas antigas, edições passadas, um mundo dividido por várias prateleiras, umas tão altas que é impossível lá chegar sozinho e necessitamos, se tivermos coragem o suficiente, de requisitar a afamada escadinha que só os mais ousados se atrevem a pedir, isto porque o temperamento de alguns dos donos não é o melhor, mas depende da altura, às vezes mostram-se super prestáveis, outras vezes olham-nos como se fosse uma maçada estarem a servir-nos um café, por sinal bem caro, e quase que parece que seria preferível que nos reduzíssemos a pessoas pouco incomodativas que se limitassem a folhear livros. Isto tem um lado bom, nunca nos impingem nada, de vez em quando podem perguntar por delicadeza se queremos algo mas à partida é cada um por si, o que me agrada.



O preço é uma coisa bastante difícil de engolir, acho que é dos locais mais caros a que já fui em termos de custo de café, mas o espaço é tão precioso que continuo a lá voltar, não resisto,  é um íman, já temos o nosso spot especial junto à janela e aos queijos e lá se vão mais 3€ por um galão ou 3.50 por uma sandes minúscula (já não me lembro exactamente se eram estes os preços mas ainda hei-de confirmar). Ingrato foi eu ter comido e ter-me esquecido completamente de tirar fotos, sobrando ainda um prato com gordura e outro com metade de tosta com manteiga que a Margarida pediu e que, felizmente, comeu devagar.




Para além de tudo aquilo que esta antiga fábrica já é, ela tem também a particularidade de ser um espaço cultural, e mais, foi considerada uma das bibliotecas mais bonitas do Mundo. A Ler Devagar faz o reaproveitamente de uma antiga fábrica de impressão, estando o terceiro pseudo andar recheado de monstros mecânicos e de mais umas "obras" artísticas insólitas, gadgets que se movem através de manivelas e de sistemas complicados mas eficientes. A única vez que presenciei de facto algo a acontecer foi quando estive lá como caloira, a observar um artista maluco que me mostrava as suas invenções a funcionar, olhei com um fascínio tremendo enquanto me questionava para que servia aquilo tudo: não servia, hobbies suponho.



Há vários espaços dentro deste espaço. Uma vez em que cá pus os pés com o Tiago e com a Margarida andámos a vasculhar tudo como nunca tínhamos feito e encontrámos uma nova sala misteriosa, uma espécie de casa de árvore de madeira, adornada de um enorme bigode (sim! Bigode!) na sua parede exterior, prateleiras recheadas com livros no interior e, para nos estiraçarmos, tinha daquelas almofadas que se vêem nas cadeiras das piscinas. Quando nos sentámos reparámos no derradeiro pormenor crucial: uma corda que pendia de um buraco no tecto e que ao ser puxada fazia com que uma mão arremetesse contra um tambor ou prato que emitia um pequeno som abafado.




Por baixo das escadarias principais, se repararmos com atenção, também se esconde outra pequena pérola: um espaço reservado às crianças, que parece não ser muito usado devido aos rolos de papel higiénico lá armazenados mas que mesmo assim não deixa de dar um bom abrigo.



Outro dos micro espaços é uma sala dedicada a exposições, pequenos concertos e conferências. Esta sala está munida de um televisor, algumas cadeiras ostentosas, um pequeno palco e um piano preto. Seguindo a mesma política de confiança que têm nos visitantes, qualquer pessoa pode aproveitar para pôr os dedos a dançar no teclado. Da última vez que cá pus os pés vim ter com a Margarida e com o namorado no final de um pequeno festival de música que houve na Lx Factory. Agora que as actividades tinham cessado, o Tomás ficou a dar um pequeno show privado para os amigos. De vez em quando passava uma ou outra pessoa curiosa, perguntava-me se iriam ficar, contudo, por não terem os laços afectivos que nos uniam uns aos outros e que nos compeliam a ficar, tornando aquele evento em algo mais do que simples música mas num serão de amigos, as pessoas iam embora.



Noto que o espaço tem agora internet mas por aquilo que testámos não era das mais rápidas, no entanto pode ser que melhore. Têm também a alternativa da Fon Zon para quem tem mas também acaba por dar problemas, apesar desta segunda opção ser talvez melhor. Ah, e são de louvar estes horários:

Terça a quinta das 12h às 24h
Sexta e sábado das 12h às 02h
Domingo das 11h às 22h