domingo, 29 de abril de 2012

Poison d'Amour

Esta é a mesa de coisas a preço mais acessível na Poison d'Amour. Deparámo-nos com ela depois de termos entrado e progredido um pouco nesta casa de chá trés trés chic.

Fiquei ligeiramente irritada por não me terem deixado tirar fotografias, estão com medo? Se têm qualidade é para mostrar. E pelo menos daquilo que provei nada desiludiu. Talvez o pão de chocolate tenha quebrado um pouco a divinalidade do brioche, alternar um amanteigado com um achocolatado não foi boa ideia. No entanto aquele rolinho singelo e abandonado que vêm na foto era o último pain au chocolat que havia e que depois veio parar à nossa mesa, se só sobrava um é porque é bom, ou então as pessoas são todas masoquistas, também é possível, a maioria nem sempre tem razão e isso é uma lição de que não nos podemos esquecer.

Na foto apanhei vários preços. No sentido contrário dos ponteiros do relógio e começanto no pão abandonado: pain au chocolat (1.90€), pães de deus (não têm preço à vista), tarte groseilles e outra que desconheço o sabor (3.80€), brioche parisienne e brioche sucre (1.60€), croissants (1.60€), tarte de pudim flã (2 e tal?) e finalmente rolinhos de pain aux raisins (2.20€).

Eu e a Sara tratámo-nos bem, pedimos as duas o dito pãozinho com chocolate, um brioche parisiense, uma dose de manteiga e mais tarde um croissant. Se quiserem pedir manteiga ou doce custa-vos uns adicionas 0.60€, quanto ao fiambre e ao queijo não perguntei mas suponho que seja um pouco mais.



Tentei sempre ir tirando umas fotos à socapa que ficaram com pouca qualidade e tive de as melhorar bastante, mas também não percebo porque é que depois de uma pesquisa na internet encontro imensa gente com fotos do local, bandidos.

Depois de acabar fui dar uma mirada pelo espaço, quando entramos deparamo-nos logo com uma vitrine recheada de doces finos que nunca custam menos de 3€ cada um e que são daqueles que vemos servir em jantares requintados, uma obra escultórica de açúcar e fruta só por si.



Mais adiante, passando uma das salas onde podemos sentar-nos a comer e seguindo em frente pelo corredor encontramos outro balcão, talvez onde têm os produtos de padaria, e na parede vão-nos sempre acompanhando uns quadros bastante interessantes que retratam animais como se fossem pessoas. Adiante temos uma porta de vidro que dá acesso a uma esplanada traseira (pequeno segredinho), à qual eu tirei fotos para me vingar.




A esplanada é muito simples mas simpática, rodeada de verde, mas um verde tosco porque o jardim não tem nada de especial, serve para nos transmitir um pouco da calmaria da Natureza.

O sítio está aberto de terças a domingos, das 8h às 20h.

sábado, 28 de abril de 2012

Love Store

Já ouço falar dos Brunches da Love Store há algum tempo, o nome sugere-me sempre uma espécie de serão romântico, vim cá com a Margarida, também funciona suponho, podemos tentar trocar olhares através do vidro do copo de sumo vitaminado, não, limitemo-nos a comer que é o que aqui se faz de melhor, e por falar nisso, o Brunch serve-se apenas aos sábados, não que não possam cá vir noutros dias, mas aproveitem esta oportunidade.



Entrei e sentei-me a desenhar enquanto olhava à volta e absorvia o espaço, podia ter ido para a pequena esplanada mas o tempo estava manhoso, o que veio mesmo a calhar: a afluência era bem menor do que tinha lido que iria haver. Senti-me bem ali, a Love Store situa-se junto a uma rua recheada de cafés e lojas dos dois lados e na qual não passam muitos carros. Os passarinhos cantam, o Sol tão rapidamente aparece e nos presenteia com a sua luz e calor como desaparece e faz um frio desgraçado, enfim, tudo é sereno.

A loja/café em si é um local pequeno, com dois andares sendo que o andar de baixo é apenas dedicado à venda de produtos para o lar e afins. O de cima, embora tenha algumas prateleiras com compotas e utensílios para venda, é onde estão as mesinhas e onde se sentam as bocas esfomeadas.

O Brunch não é definido e oferece-nos escolhas em três aspectos: o sumo do dia, uma bebida quente e 2 iguarias suplementares, ou seja, aquilo que não muda é um saco de pano que vem com três pequeninos pães diferentes (um com sementes de papoila, um com sementes de sésamo e um com azeitonas) e um tabuleiro com manteiga, compota de morango, rolinhos de fiambre e queijo, nozes e mel.




Quanto ao sumo, depende do que houver, já não me lembro muito bem quais eram as três opções mas se não me engano era sumo vitaminado (de frutos vermelhos), sumo de laranja ou sumo de abacaxi e manjericão. Fomos para o primeiro, o qual eu não apreciei especialmente mas isso é algo que tem mais a ver com gosto pessoal do que com a qualidade do sumo. As sementes dos frutos vermelhos irritam-me, lembro-me de fazer batido de amora na minha casa de campo e coar aquilo no passador, distrai-me do verdadeiro sabor da fruta ter de estar sempre a pensar que estou a engolir caroços.




Como bebida complementar podíamos escolher entre café e as suas variantes (galão, cappuccino, etc) e o chá do dia, essa escolha doei com todo o amor à Margarida porque tinha acabado de fulminar a pressão sanguínea com três galões que tinha bebido em casa e ainda estava no modo mocho.

Em último lugar podemos optar por duas destas coisas apetitosas: panquecas com banana e mel (embora não esteja escrito no menu), fatia de bolo/tarte do dia (esqueci-me das hipóteses), muffin salgado ou empada de vegetais, iogurte natural com cereais e fruta e finalmente ovo mexido. Nós escolhemos a tarte de maçã (belíssima escolha!) e o iogurte com cereais.




O iogurte, tal como o sumo, não foi muito do meu agrado e neste momento pareço uma pessoa terrivelmente esquisita mas foram logo acertar em duas das poucas coisas que não aprecio, neste caso, a mistura de fruta ácida com derivados de leite. A fruta que complementava o muesli era laranja e kiwi, algo que não considero que case muito bem com o resto, para além de que são frutas aguadas e que depois diluem o iogurte. Não sei, é estranho. É uma quebra demasiado grande dos sabores presentes naquela confecção, contrasta demasiado rápido: doce, amargo, ácido, doce, neutro. Para a próxima vão umas panquecas.

Antes que me esqueça aconselho vivamente o combo pão + manteiga/queijo + fiambre + uma noz molhada em mel + trincar. Às tantas o pão acaba por ser muito pouco por estarmos a dividir o brunch de uma pessoa por duas e queremos fazer todas as combinações possíveis de ingredientes com aquelas três somíticas metades. O mais provável é sobrar fiambre e queijo, mas aí não ouve problema porque fiz um rolinho com os dois, com recheio de nozes e mel, e comi-os assim mesmo, e soube bem, por 12€ (6€ a cada) mais vale limpar o prato.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Pizza do S.Jorge



Já vim imensas vezes ao S.Jorge: Indie, MotelX, DocLisboa, Festa do Cinema Francês, Super Bock in Stock, nunca esgota, há sempre coisas a acontecer, mas nunca cá tinha comido uma refeição decente, os preços são elevados, mesmo para coisas singelas, e das únicas vezes que me tinha aproximado do balcão tinha-me retirado de fininho depois de olhar para a carta.

Para além das salas de cinema, da sala de estar e do bar há também uma esplanada, uma pequena varanda que dá para a Avenida da Liberdade onde podemos bebericar qualquer coisa e contemplar a copa das árvores, os carros na rua ou cuspir para a careca dos velhotes que passam distraídos.



Desta vez vim ver uma sessão de curtas com o Diogo e com a Margarida, e graças a uma recente e deliciosa alteração na ementa fornecida pelo bar, sentei à mesa e degustei duas finas e jeitosas pizzas de nome caricato. Digo jeitosas mas já comi melhor (mas essas ficam para outra post quando lá voltar!). Os preços são acessíveis, os três dividimos duas pizzas e pagámos 7.30€ por um Quarto do Filho (courgete e tomate) e 7.70€ por uma Roma Cidade Aberta (chouriço, tomate e pimento). O Quarto do Filho foi mais de meu agrado, e pergunto-me se eles põem estes nomes só para nos ouvirem dizer coisas parvas.

Fica também a informação de que uma mini custa 1.50 e uma limonada é 1€.





A sessão de curtas acabou por ser um documentário de quase uma hora sobre o Kubrick e três mini episódios insólitos: um honrando o gosto de Kubrick pelo Napoleão, outro tentando retratar a experiência traumática de um soldado de guerra que se chamava I Am Not The Enemy, e um último mostrando a personagem de Hitler a ser interpretada no cinema ao longo dos tempos com o nome de Conference Notes On Film 05, que começava com uns ruídos que faziam lembrar interferências de rádio e que me proporcionaram um ataque de riso que tive de tentar conter. O meu sentido de humor nunca deixa de me humilhar em público.

Ler Devagar


Tenho ganho um carinho muito grande pela Ler Devagar. Esta junção de livraria/biblioteca com  café/bar/restaurante (os três mesmo!) prova que há certas barreiras que não precisam de existir, que a proibição só torna o quebrar das regras mais apetecível e que certos requisitos só contribuem para o mau-estar e desagrado. Refiro-me a este preconceito de que comida não joga bem com livros, e porque não? Aqui podemos beber um café enquanto pousamos o prato e a chávena delicadamente por cima de um Dostoevsky, de um Calvino ou de um Boris Vian. Problema? Nenhum! A responsabilidade parte de cada um de nós, somos adultos, sabemos que não devemos deitar café sobre literatura alheia, e se por acaso acontecer, porque os acidentes são inevitáveis, sabemos o preço a pagar, escrito a lápis na primeiro folha a seguir à capa.




E neste ambiente descontraído aproveitamos para trabalhar e encontrar alguma referência preciosa no meio dos livros poeirentos. A livraria tem obras recentes, mas tem muito mais pérolas antigas, edições passadas, um mundo dividido por várias prateleiras, umas tão altas que é impossível lá chegar sozinho e necessitamos, se tivermos coragem o suficiente, de requisitar a afamada escadinha que só os mais ousados se atrevem a pedir, isto porque o temperamento de alguns dos donos não é o melhor, mas depende da altura, às vezes mostram-se super prestáveis, outras vezes olham-nos como se fosse uma maçada estarem a servir-nos um café, por sinal bem caro, e quase que parece que seria preferível que nos reduzíssemos a pessoas pouco incomodativas que se limitassem a folhear livros. Isto tem um lado bom, nunca nos impingem nada, de vez em quando podem perguntar por delicadeza se queremos algo mas à partida é cada um por si, o que me agrada.



O preço é uma coisa bastante difícil de engolir, acho que é dos locais mais caros a que já fui em termos de custo de café, mas o espaço é tão precioso que continuo a lá voltar, não resisto,  é um íman, já temos o nosso spot especial junto à janela e aos queijos e lá se vão mais 3€ por um galão ou 3.50 por uma sandes minúscula (já não me lembro exactamente se eram estes os preços mas ainda hei-de confirmar). Ingrato foi eu ter comido e ter-me esquecido completamente de tirar fotos, sobrando ainda um prato com gordura e outro com metade de tosta com manteiga que a Margarida pediu e que, felizmente, comeu devagar.




Para além de tudo aquilo que esta antiga fábrica já é, ela tem também a particularidade de ser um espaço cultural, e mais, foi considerada uma das bibliotecas mais bonitas do Mundo. A Ler Devagar faz o reaproveitamente de uma antiga fábrica de impressão, estando o terceiro pseudo andar recheado de monstros mecânicos e de mais umas "obras" artísticas insólitas, gadgets que se movem através de manivelas e de sistemas complicados mas eficientes. A única vez que presenciei de facto algo a acontecer foi quando estive lá como caloira, a observar um artista maluco que me mostrava as suas invenções a funcionar, olhei com um fascínio tremendo enquanto me questionava para que servia aquilo tudo: não servia, hobbies suponho.



Há vários espaços dentro deste espaço. Uma vez em que cá pus os pés com o Tiago e com a Margarida andámos a vasculhar tudo como nunca tínhamos feito e encontrámos uma nova sala misteriosa, uma espécie de casa de árvore de madeira, adornada de um enorme bigode (sim! Bigode!) na sua parede exterior, prateleiras recheadas com livros no interior e, para nos estiraçarmos, tinha daquelas almofadas que se vêem nas cadeiras das piscinas. Quando nos sentámos reparámos no derradeiro pormenor crucial: uma corda que pendia de um buraco no tecto e que ao ser puxada fazia com que uma mão arremetesse contra um tambor ou prato que emitia um pequeno som abafado.




Por baixo das escadarias principais, se repararmos com atenção, também se esconde outra pequena pérola: um espaço reservado às crianças, que parece não ser muito usado devido aos rolos de papel higiénico lá armazenados mas que mesmo assim não deixa de dar um bom abrigo.



Outro dos micro espaços é uma sala dedicada a exposições, pequenos concertos e conferências. Esta sala está munida de um televisor, algumas cadeiras ostentosas, um pequeno palco e um piano preto. Seguindo a mesma política de confiança que têm nos visitantes, qualquer pessoa pode aproveitar para pôr os dedos a dançar no teclado. Da última vez que cá pus os pés vim ter com a Margarida e com o namorado no final de um pequeno festival de música que houve na Lx Factory. Agora que as actividades tinham cessado, o Tomás ficou a dar um pequeno show privado para os amigos. De vez em quando passava uma ou outra pessoa curiosa, perguntava-me se iriam ficar, contudo, por não terem os laços afectivos que nos uniam uns aos outros e que nos compeliam a ficar, tornando aquele evento em algo mais do que simples música mas num serão de amigos, as pessoas iam embora.



Noto que o espaço tem agora internet mas por aquilo que testámos não era das mais rápidas, no entanto pode ser que melhore. Têm também a alternativa da Fon Zon para quem tem mas também acaba por dar problemas, apesar desta segunda opção ser talvez melhor. Ah, e são de louvar estes horários:

Terça a quinta das 12h às 24h
Sexta e sábado das 12h às 02h
Domingo das 11h às 22h

sábado, 21 de abril de 2012

O 28

Lembram-se no dia em que fui lanchar com a Sara à Esplanada do Príncipe Real e acabei por dar um longo passeio perdendo-me nas ruas de Lisboa? Nesse dia dei de caras com O 28, fiz conversa com o proprietário e prometi-lhe que voltaria cá para experimentar o sítio. Dito e feito, e levei a Margarida debaixo do braço.

O 28 é um simpático bar de esquina pertencente à freguesia das Mercês. A sua situação engraçada faz com que o próprio espaço também seja peculiar e tenha que se adaptar de forma inteligente ao local onde se acomoda, algo que à partida poderia resultar mal, mas que aqui foi muito bem resolvido.

O primeiro pormenor que, como estudante de Design, reparei logo e adorei foi o nome e a maneira como o resolveram em termos de sinalética. "O 28" está recortado numa placa de ferro, sendo que o "8" tem continuidade em forma de barra horizontal negativa (recortada também). Mas funciona de uma maneira interessante porque interage sempre com o fundo onde é colocado e assim, se resolverem fazer mudanças drásticas ao bar, a placa nunca destoa. Tinha-lhe tirado uma foto quando dei o tal passeio mas era mais como um registo para não me esquecer do nome. Vou colocar aqui na mesma para perceberem a ideia (tem algum photoshop manhoso em cima mas paciência).



No primeiro andar (ou sítio onde se entra) temos o balcão propriamente dito onde se pedem as bebidas e se faz conversa com os proprietários, porque é boa política, e porque sabe sempre bem ser recebido com um sorriso. Nesta "divisão" há pouco espaço, mas ainda cabe uma mesa ou outra onde, se estiverem com pouca gente, ainda se conseguem organizar e caber todos. Ao lado esquerdo do balcão há a porta para a casa-de-banho (tem um tampo de sanita pendurado), e uma vez aberta essa porta, damos com um corredor estreito e umas escadas a descer que nos guiam ao WC propriamente dito (e só há um).



Se chegarem ao 28 com um grupo maior, há que descer as escadas para arranjar espaço para todos e rezar para que não esteja alguém a ocupar um lugar estratégico (ah, já falámos disto!), aqui damos com uma salinha bastante confortável, num estilo que posso tentar classificar como reciclagem meets marroquino meets surrealismo ou algo assim, as cadeiras e candeeiros de tecto têm claramente um estilo mais oriental, enquanto se pode notar que também há um aproveitamento de material pouco convencional (adoro estas coisas) como uns baldes luminosos cheios de garrafas de vidro vazias, dando um efeito de luz meio marado e que também contribui para o toque surrealista, juntamente com os dois quadros grandes pendurados na parede. Estes quadros complementam optimamente a própria cor da sala, um azul claro pouco comum que transfere uma atmosfera bastante agradável ao sítio, um pouco zen, só faltava colocarem música de meditação (deixo a sugestão!)





A conjunção destes elementos está perfeita e resulta num espaço pequeno mas super agradável. Pedimos duas caipirinhas, a 5.50€ cada uma se não estou em erro, não é um preço especialmente barato mas eles garantiram que eram das melhores e a Margarida aprovou. Eu, mais uma vez, descobri que afinal o problema não é da maneira como estão feitas as caipirinhas mas sim do facto de eu não gostar de cachaça. Garanto que para o que são estavam óptimas (consigo bebê-las tranquilamente), mas as versões vodka, licor beirão e rum são preferíveis para mim.



E bem, o tema de conversa foi a amizade, e o que é que se pode dizer da amizade? Tudo! E conseguimos tirar conclusões mais e menos felizes, e cada vez sinto que quanto mais falo com as pessoas mais descubro coisas sobre mim mesma, vou aprendendo, e isto é muito interessante. Não nos devemos perder com análises comportamentais mas, de vez em quando, é isso mesmo que gosto de fazer. A psicologia é um mundo.

Detalhe: estes candeeiros são espectaculares, lindos lindos lindos, o jogo de luz, a maneira como caem de forma tosca mas perfeita, a atmosfera que transmitem, tudo, quero uns em casa.


Tuareg (2)

Podem encontrar a primeira post sobre este local aqui.
Tirar fotos em sítios pouco iluminados com a minha câmara requer uma mão estável e elementos que cooperem e se mantenham quietos durante algum tempo, ou seja, se esses ditos elementos são pessoas, uma boa foto depende na imobilidade das suas expressões faciais. Dir-se-ia que os próprios já são fotos antes da foto ser tirada. Estátuas em pleno café.




Volto à carga com mais algumas imagens deste local, embora já tenha em mira novos sítios onde se pode fumar chicha, seja como for se acabar por dar um saltinho a esses espaços as provas serão remetidas para este blog.

Digamos que tivemos um azar desgraçado com as bebidas, pedi confiante uma caipiroska de manga, fazendo o triste raciocínio: gosto de manga, gosto de caipiroska normal, que mal poderá fazer a junção destas duas? Pois bem, é um coisa doce e enjoativa, ou simplesmente o Tuareg não serve para beber cocktails e serve apenas para fumar, beber infusões e ponto final. O Francisco pediu uma coisa qualquer com licor de café que também estava doce demais mas se se desse uma dentadinha num dos grãos flutuantes de café e se sorvesse a bebida em seguida ficava ligeiramente melhor (técnica do próprio Chico). De qualquer dos modos custou-me perder aqueles 5€.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Geraldine

Quem me falou da Geraldine foi a Rosa. Lembro-me de me ter encontrado com ela à tarde, depois da faculdade e de meses sem a ver. A conversa mantém-se a mesma, felizmente, e ela presenteou-me com um artigo que tinha arrancado de uma revista. Lembro-me também de ter olhado para o nome e de este me ter intrigado. Quem é a Geraldine? No dia seguinte quis mencionar este local a alguém, mas a palavra maldita já se tinha varrido da minha memória.

A Geraldine é um espaço cultural e tem desde vendas de roupa, a workshops, jantares e ciclos de cinema. Não é um sítio onde se possa ir a meio da noite beber um copo. Funciona como escritório e é num primeiro andar de um prédio junto à Avenida da Liberdade. Todo o processo de tocar à campainha e subir um lance de escadas para entrar na casa de um estranho é uma experiência única e bastante insólita. Há sempre o sentimento de estranheza, de estarmos a invadir a privacidade de alguém: será que devemos explorar? Há portas fechadas, não por desconfiança, mas porque não têm nada para oferecer aos visitantes. Timidamente pedi se podia espreitar a cozinha, a rapariga guiou-me a uma porta encortinada e levantou-a para eu espreitar, é... Uma cozinha! Whoa!

Estava com a Patrícia e com a Margarida, as três igualmente intrigadas e sem sabermos muito bem o que fazer. Contudo, passado algum tempo, já estávamos mais adaptadas e comodamente sentadas em lugares de primeira fila. Era quarta-feira e o programa era observar um filme raro de cinema burlesco que iria ser projectado ali, numa tela colocada na sala de estar das proprietárias que tinha, para além de sofás e cadeiras, uma colecção de mini azulejos junto à porta, um candeeiro de tecto de forma estranha, dois retratos gigantes pintados e pendurados na parede, um pato Donald enjaulado, um telefone inútil sem números que aparece no cartão de visita, um mini projector de luz (que eu confundi com uma máquina de esticar a massa estupidamente) e gadgets antigos.







Enquanto não começava a sessão foram passando uns mini sketches que faziam parte do dvd. Cenas de pseudo striptease, em que as raparigas nunca ficavam em menos do que roupa interior, sendo que ara aquela altura isso já devia ser considerado praticamente nudez.

Passando disso para o filme propriamente dito, A Virgin in Hollywood relata a viagem de uma jovem jornalista a essa mesma cidade, sugerida pelo seu próprio patrão para que ela "amadureça" e escreva depois sobre toda a sua experiência, este amadurecimento acaba por acontecer, quer a nível intelectual quer a nível sexual, a pobre criatura perde um pouco da sua ingenuidade e torna-se mais confiante. No entanto, é um filme onde os protagonistas actuam de forma meio falsa e forçada, os diálogos são demasiado fantasiosos, as emoções exageradas e os cortes de plano demasiado óbvios, tudo isto dá-lhe um ar cómico e desnaturado, rimo-nos perante as acções da personagem principal, que no fim, após acabar de escrever a sua história, nos dá uma piscadela de olho cúmplice mas hilariante.



Algo que apreciei nesta experiência e que achei especial graça foi a familiaridade da coisa. As pessoas tocavam à campainha, entravam na sala e diziam boa noite aos presentes. Devíamos rondar as 20 pessoas, provavelmente os outros já se conheciam entre eles, mas estávamos lá todos pela mesma razão: apreciar um bom filme, e de graça, uma coisa que hoje em dia já se faz pouco e eu só tenho é de valorizar estas iniciativas.

Dia 28 de Abril vai haver neste espaço uma venda de roupa vintage em segunda mão, com preços acessíveis e oferta de scones e chá para os que vierem. E todos os meses há novas coisinhas, vão ao website e descubram.