sábado, 26 de maio de 2012

Salla de Estar

Há uns meses tinha começado a fazer a minha lista de bares e cafés a visitar em Sintra, era um plano mais ambicioso porque fica mais longe de casa e requer transportes para os quais não tenho passe, mas seria um desafio. Felizmente a Carolina tratou de mostrar-me três desses sítios numa só noite e desse modo pude riscá-los airosamente do papel numa espécie de Z de zorro, rápido e eficaz.



A primeira paragem foi o bar Salla de Estar onde nos sentámos para comer qualquer coisa, este sítio faz-me lembrar uma mistura de Wanli com Pavilhão Chinês ou algo semelhante, sofás confortáveis em toda a parte e evidências de sentirem um carinho especial pela cerveja Heineken, têm uma fonte delas, não, é que têm mesmo! Para além de que decoraram uma das colunas só com os isoladores da marca, isto é que é amor. E eu continuo a esforçar-me para gostar de cerveja mas ainda não será desta. Ao menos gosto de pão, ah, muitas histórias e conhecimento científico foram partilhadas neste dia!



O espaço tem um hall de entrada, com uma mesinha com flyers e um peixe estranho, que depois dá acesso a dois andares, um inferior e um superior, o de baixo que se deve tornar possivelmente mais animado por ter o balcão e alguns espaços de entretenimento como uma mesa de snooker, um piano (não percebi se se pode tocar piano ali mas o facto é que havia um) e a televisão (para ver jogatana suponho). Tem também a tal fonte de garrafas, juntamente com mais alguns bibelots incluindo um gato de porcelana, com a qual damos mal começamos a descer as escadas, logo após sermos seriamente observados pelo nosso amigo Chaplin, pintado em azulejo.





As paredes estão repletas de coisas interessantes que eu devia ter investigado com mais cuidado mas estava numa espécie de overload de fome e entusiasmo e então não sabia muito bem para onde me havia de virar. Havia embalagens de bebidas espalhadas numa das paredes como se estivessem a boiar nela, posters vintage, ou melhor, imagens impressas em A4 coladas em todo o lado. Para não mencionar quadros com motivos sem nenhum critério em especial, material equestre, pratos, livros, trezentas mil coisas, este sítio é uma espécie de arrecadação fora de casa.





Fotografei exaustivamente o local e ganhei logo a alcunha de fotógrafa pela parte do moço que nos veio servir as tostas que, por falta de um nome pelo qual me chamar, teve de dizer para me desviar do seu caminho com uma alcunha. Sempre é melhor do que "hey, psst".

O momento de degustação de tostas foi particularmente interessante, acabei por não ficar com registo porque estava basicamente num exercício de equilibrismo do prato nos joelhos e não dava assim muito jeito. Comemos na penumbra do andar de cima, num canto repleto de sofazinhos, pedi uma tosta de frango, a Carolina de atum, o Casimiro pediu a da casa, o Zé pediu um crepe, o Rodrigo pediu uma bebida e comeu a comida de todos portanto acabou por ficar melhor servido, aliás, foi ele que descobriu que a minha tosta e a da Carol tinham sido trocadas, e que na realidade eu estava a comer atum e ela frango, aparentemente não notámos a diferença mas, em minha defesa, o atum é um peixe que sabe a carne e é diferente dos outros, e o frango é uma carne que sabe a atum e por isso é diferente das outras, não quero saber, estão bem um para o outro (para além de que os molhos ainda eliminam mais o pouco sabor destes dois).

Mantenho o meu orgulho!

Acho que as tostas foram cerca de 3.50€, são bastante grandes, vêm em duas partes e têm a forma de peixe (que irónico) não sei porquê. Lembraram-me sardinhas doces na altura (que é um dos doces que mais adoro, tradicional de Trancoso!). Bem talvez esteja a exagerar um pouco. Ah, as tostas estavam deliciosas, frango ou atum, não interessa!

A conversa derivou para as gomas, que sempre foi algo que me enjoou, e fiquei a saber que são uma espécie de gelatina solidificada e com muito açúcar, portanto uma grandíssima bosta, e como bónus a receita estava escrita por detrás dos pacotes de açúcar que estavam nas mesas.

No andar de cima o ambiente é mais calmo. Há um "buraco", no qual estão escritas na ardósia as bebidas e os preços, e através dele conseguimos ver as carecas de quem se senta ao pé do bar.



No piso superior há mais objectos de colecção que aludem ao tema marítimo, nomeadamente barcos, mas há também uma boia, peixes, nós de marinheiro envidraçados, imagens emolduradas, etc.






As mesas têm uma espécie de isolador para pratos que são um reaproveitamente de vinis antigos, uma ideia já vista mas que fica sempre bem e condiz com o ambiente.



As cortinas de veludo dão um toque burlesco (a determinada altura fizemos uma piada com isto mas já não me lembro), reforçado pelos padrões na parede, candeeiros com franjinhas e algumas imagens de mulheres espalhadas também um pouco por todo o lado.



Não consegui bem descobrir um artigo perfeito para vos passar a ideia de que tomar pequenas doses de algo mau algumas vezes na vida faz melhor do que nunca experimentar certas coisas porque contribui para que o corpo vá ganhando imunidade contra essas mesmas (um dos exemplos foi o tabaco). De qualquer dos modos descobri um artigo na wikipedia que parecia falar também de pequenas doses embora não vá completamente ao encontro disto, aqui está ele, não deixa de ter as suas contradições, como tudo na vida.

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