Era uma combinação de quatro, mas os trabalhos escolares engalfinharam o Tiago e a Catarina, ficando assim o grupo reduzido a duas almas famintas. O nome do café sugere e muito bem o ambiente esperado: um toque afrancesado. Parece então que fomos projectados para dentro de um filme, talvez uma Amelie Poulain, cuscando a sua cara metade que está de costas na mesa do lado. Pelo menos foi assim que me senti, enquanto desenhava no meu caderno à espera da Margarida.
Duas tostas para dividir, tostas que são mais torradas ou tapas gigantes, são agradáveis, nada de fenomenal, mas não enchem, vêm acompanhadas de salada de alface e gomos de tomate com sementes de sésamo. Pedimos sandes/torrada de legumes (bróculos, cenoura, e mais outros) que nos ficou por 6.5€ e mais uma de beringela, mel e nozes (crocantes, com um toque qualquer especial) por 6€. Havia também uma muito sugestiva de truta fumada e maçã e estoutra de presunto e queijo (raquelete?), mas terão de ficar para uma próxima visita. Têm também brunch de 10€ aos fins de semana. Francês e bruch, duas novas modas Lisboetas num só café.
As mesas estão relativamente bem distribuídas, embora não haja muitas, e consegue-se alguma privacidade pela sua disposição em relação à coluna central. Há também um sítio com sofá e mesa baixa mais indicado para um lanche e leitura da tarde, um livro nosso, ou sugerido pela prateleira que se encontra pendurada na parede que tem, para além destes, desenhos infantis, bonecos, e alguns jogos
Numa das vezes que estive com a minha amiga Sara ela referiu a arquitectura da casa-de-banho, e isso tornou-me mais alerta em relação aos WC dos locais que visito, muitas vezes funcionam como uma extensão do próprio sítio e isso não deixa de ser engraçado quando acontece. Um pequeno pormenor importante, estas tinham portas de correr com trinco, um espelho pousado num sítio um pouco mais alto do que o chão, com flores a adorná-lo, e uma almofada/tapete ao lado que parecia ser feita de cobras sobrepostas de tecido estofado. Não sei qual seria a sua utilização ali, talvez arranjos femininos de ultima hora, se assim for isso é trés français, imagino uma mulher ali sentada a olhar-se ao espelho e a esmerar a sua maquilhagem sedutora, ou uma rapariga tosca a ajeitar o caracolinho.
Os preços são no entanto ligeiramente caros, as saladas rondam os 7€, assim como os pratos do dia, e a sopa é 2.5€ (hoje era de courgete). O Tati é atrás do Mercado da Ribeira, e para quem gosta de chás, há também uns bastante especiais organizados numa lista catita, o meu campo, contudo, é e sempre será o café. Se o café e o chá fossem pessoas o café seria mais tosco, rude, citadino e com os pés assentes na terra. O chá seria talvez uma senhora delicada, alienada do mundo, com um modo de vida mais calmo e sereno. Se bem que os dois lados arranjaram intermédios como o machiatto e o chá preto. Há androginia no mundo das bebidas.
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