quarta-feira, 9 de maio de 2012
Botequim da Graça
E quando eu pensava que Barcelona ia lá longe, este pequeno bar trouxe-me algumas remeniscências dessa linda cidade espanhola pela qual gastei as pernas. Foram os copos com gelo picado até cima! Iguaizinhos aos que costumavam servir-nos. Cocktails maravilhosos que me fizeram sentir novamente o gosto daquele mojito perfeito que me fartei de beber no bar do Rabipelao. O nosso bar.
Vim com a Carolina à procura de um sítio onde pudessemos sentar-nos a conversar, a noite estava com uma temperatura deliciosa, e não éramos as únicas a achar isso. Bom dia em Lisboa e é ver a Graça a encher-se de almas boémias que ocupam as mesas do miradouro e muitas outras. Bela Lisboa, as palavras nunca são suficientes.
A muito custo estacionámos o carro. E então lá arranjámos uma mesinha no botequim. Pelo sotaque francês da empregada não pude deixar de pensar que todos os cafezinhos que mais gosto se ligam de um certo modo a outras culturas, nomeadamente aos francófonos.
Um passar de olhos pelo quadro das bebidas fez-me ver que eram bastante modestos nos preços e isso fez com que arriscasse duas especialidades de nome sugestivo: Céu de Lisboa e Subitamente no Verão (que apropriado!). O primeiro era uma junção de laranja, Licor Beirão e moscatel, e o segundo levava Vinho do Porto, limonada e hortelã. Tanto estes como outros cocktails que vou mencionar custavam 3.50€. Os outros assinalados no menu eram: o Crioulo (melancia e rum), o Botequim (frutos silvestres e água ardente), a Poncha (tradicional da madeira) e uma versão de Poncha Maracujá (mais cara, custa 4€ mas na altura não havia), as sangrias, uma de espumante e outra de vinho (2.50€), e mais outras bebidas tradicionais que não estavam assinaladas (licores, chás, aguardentes, etc).
A Carolina pediu um chá frio, também em copo grande, que custava 1€. E lá o ia bebericando enquanto despedaçava o plástico da palhinha das nossas bebidas. Eu, apesar das duas bebidas alcoólicas que pedi, pude constatar que o nível de álcool daquelas misturas era de facto bastante reduzido, tinham apenas o suficiente e era muito refrescantes, continuei a sentir-me inalterada, apenas feliz pelo sabor delicioso, bebem-se como um sumo para saciar a sede, e quando acabam, ficamos os quinze minutos seguintes e sorver restos de gelo derretido na esperança de encontrar algum aroma perdido.
À minha volta conversavam as gentes, uns mais solitários, outros numa camaradagem audível, que se revelou bastante chata quando me pus a fotografar, era pessoas do norte com aquele sotaque que é impossível disfarçar: "Uoilha, está a tirar fotos" "Ó meneina" "Temiuma máquina fotográfica". E eu lá ia ignorando e continuava alegre o que estava a fazer, fotografando alguns detalhes daquelas prateleiras cheias de livros e bibelots.
Havia pessoas sentadas perto da porta, não há uma esplanada mas quase, as entradas são deixadas completamente abertas para se aproveitar o ar fresco da noite, são normalmente as mesas mais cobiçadas.
Este sítio situa-se extremamente perto do miradouro, e desse modo é muito fácil passar-se de um para outro e contemplar a cidade destas varandas geográficas. É aconselhável. Quase terapêutico. Olhar para Lisboa de vez em quando devia ser um remédio receitado pelo médico.
De segunda a sexta, das 16:30h às 2h
De sábado a domingo, das 14h às 2h
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