Podem encontrar a segunda post sobre este local aqui.
Num pequeno lugar recôndito de Lisboa que mais parece um jardim particular com entrada reservada a pessoas do bairro, encontra-se um segredo capaz de suscitar opiniões diversas.
Este miradouro é diferente dos outros. Pelo seu ambiente, pela sua comida, e pela personalidade do dono do café, que é sem dúvida uma personagem muito suis generis. Este é claramente um quiosque mais underground, com talvez algumas influências indianas, e onde não só se pode beber capilé e groselha como comer petiscos de origem goesa.
A música toca a partir do computador e funciona quase como um mantra. Faz-me lembrar a que ouvia quando ia meditar à Espiral, no Saldanha.
Finalmente, para completar este arranjinho muito zen, há um sofá com almofadas em frente ao balcão, e foi aí que eu e a Sara nos sentámos e onde, mais tarde, ajeitámos as almofadas debaixo da cabeça e ficámos deitadas a olhar para o céu meio coberto pelas árvores enquanto ouvíamos aquela melodia que quase nos deixou cair em sono profundo ou atingir o nirvana. É terapêutico.
Não havia sangria por isso optei pelo capilé (1.30€), mais barato que o do Refresco no Largo Camões mas menos bom, e percebe-se porquê, pela garrafa este tinha aspecto de custar no máximo 3€ (é semelhante à garrafa onde se vende groselha nos supermercados), enquanto as originais são de vidro e sei eu que custam para aí uns 14€. Não interessa, soube-me a mil.
Cães, imensos, ladram de vez em quando quebrando aquela melodia relaxante, mas são normalmente bem comportados. O sítio fica ao pé de uma escola que parece um colégio militar e também ao pé de uns quantos prédios abandonados pelos quais passámos quando íamos a sair. Reparei que um dos prédios tinha um stencil muito interessante e quando ia tirar-lhe uma foto um rapaz que estava por perto avisou-me que havia ali uma senhora velha a viver e que iria cair-nos em cima se visse o que estávamos a fazer. Achei aquele momento deveras insólito, mas agradeci o aviso, tirei a foto na mesma e fui embora esperando que uma velhinha saltasse dos arbustos, mas isso não aconteceu.
Gosto sempre de apreciar todos os tipos de arte urbana que vou encontrando ao longo das minhas caminhadas, acho também especial piada às mensagens escritas a spray nas paredes que mais parecem roupa suja a ser lavada em público. Não são esteticamente bonitas, ao contrário de alguns stencil e graffiti, mas conseguem a proeza de roubar uns sorrisos àqueles que passam, e isso é sempre uma nota positiva.
Aberto das 11:30h ao pôr-do-sol, todos os dias (se não me engano).
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