sábado, 21 de abril de 2012

O 28

Lembram-se no dia em que fui lanchar com a Sara à Esplanada do Príncipe Real e acabei por dar um longo passeio perdendo-me nas ruas de Lisboa? Nesse dia dei de caras com O 28, fiz conversa com o proprietário e prometi-lhe que voltaria cá para experimentar o sítio. Dito e feito, e levei a Margarida debaixo do braço.

O 28 é um simpático bar de esquina pertencente à freguesia das Mercês. A sua situação engraçada faz com que o próprio espaço também seja peculiar e tenha que se adaptar de forma inteligente ao local onde se acomoda, algo que à partida poderia resultar mal, mas que aqui foi muito bem resolvido.

O primeiro pormenor que, como estudante de Design, reparei logo e adorei foi o nome e a maneira como o resolveram em termos de sinalética. "O 28" está recortado numa placa de ferro, sendo que o "8" tem continuidade em forma de barra horizontal negativa (recortada também). Mas funciona de uma maneira interessante porque interage sempre com o fundo onde é colocado e assim, se resolverem fazer mudanças drásticas ao bar, a placa nunca destoa. Tinha-lhe tirado uma foto quando dei o tal passeio mas era mais como um registo para não me esquecer do nome. Vou colocar aqui na mesma para perceberem a ideia (tem algum photoshop manhoso em cima mas paciência).



No primeiro andar (ou sítio onde se entra) temos o balcão propriamente dito onde se pedem as bebidas e se faz conversa com os proprietários, porque é boa política, e porque sabe sempre bem ser recebido com um sorriso. Nesta "divisão" há pouco espaço, mas ainda cabe uma mesa ou outra onde, se estiverem com pouca gente, ainda se conseguem organizar e caber todos. Ao lado esquerdo do balcão há a porta para a casa-de-banho (tem um tampo de sanita pendurado), e uma vez aberta essa porta, damos com um corredor estreito e umas escadas a descer que nos guiam ao WC propriamente dito (e só há um).



Se chegarem ao 28 com um grupo maior, há que descer as escadas para arranjar espaço para todos e rezar para que não esteja alguém a ocupar um lugar estratégico (ah, já falámos disto!), aqui damos com uma salinha bastante confortável, num estilo que posso tentar classificar como reciclagem meets marroquino meets surrealismo ou algo assim, as cadeiras e candeeiros de tecto têm claramente um estilo mais oriental, enquanto se pode notar que também há um aproveitamento de material pouco convencional (adoro estas coisas) como uns baldes luminosos cheios de garrafas de vidro vazias, dando um efeito de luz meio marado e que também contribui para o toque surrealista, juntamente com os dois quadros grandes pendurados na parede. Estes quadros complementam optimamente a própria cor da sala, um azul claro pouco comum que transfere uma atmosfera bastante agradável ao sítio, um pouco zen, só faltava colocarem música de meditação (deixo a sugestão!)





A conjunção destes elementos está perfeita e resulta num espaço pequeno mas super agradável. Pedimos duas caipirinhas, a 5.50€ cada uma se não estou em erro, não é um preço especialmente barato mas eles garantiram que eram das melhores e a Margarida aprovou. Eu, mais uma vez, descobri que afinal o problema não é da maneira como estão feitas as caipirinhas mas sim do facto de eu não gostar de cachaça. Garanto que para o que são estavam óptimas (consigo bebê-las tranquilamente), mas as versões vodka, licor beirão e rum são preferíveis para mim.



E bem, o tema de conversa foi a amizade, e o que é que se pode dizer da amizade? Tudo! E conseguimos tirar conclusões mais e menos felizes, e cada vez sinto que quanto mais falo com as pessoas mais descubro coisas sobre mim mesma, vou aprendendo, e isto é muito interessante. Não nos devemos perder com análises comportamentais mas, de vez em quando, é isso mesmo que gosto de fazer. A psicologia é um mundo.

Detalhe: estes candeeiros são espectaculares, lindos lindos lindos, o jogo de luz, a maneira como caem de forma tosca mas perfeita, a atmosfera que transmitem, tudo, quero uns em casa.


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