quinta-feira, 19 de abril de 2012

Jardim do Príncipe Real

O Jardim do Príncipe Real não é muito grande mas consegue ainda oferecer alguma diversidade na maneira como está arquitectado. Uma das coisas que mais gosto é a pequena rotunda de bancos de jardim abrigados na sombra da copa da árvore que estão a rodear. Os bancos estão debaixo de uma estrutura metálica que deve ter tido já alguma função mais óbvia e que agora serve apenas como decoração. É um óptimo sítio para os casalinhos namoricarem, solteiros contemplarem a beleza da vida independente, bêbedos dormitarem e personagens duvidosas executarem outras actividades possivelmente menos belas, não interessa, o jogo de sombras providencia-nos uma atmosfera espectacular nos dias de Sol.

Há também uma fonte. Parei um bocado com a Sara a contemplá-la e a comentar a cómica e parca vida que ali habita. Uma pomba meia patolas chama especialmente a nossa atenção, tem um problema na pata esquerda e quando anda esta parece pesar-lhe toneladas. Caminha fazendo constantemente o move da Angelina Jolie.

Um pequeno parque infantil neste jardim serve de entretenimento a crianças de pais exaustos, pequenas mesas de piquenique salpicam o caminho (já aqui comi quando fui a um restaurante de pizza nas redondezas, falarei sobre ele eventualmente) e uma descida para o Reservatório de Água Patriarcal satisfaz os sequiosos por conhecimento e cultura. Os famosos quiosques também marcam presença e, embora eu não saiba se está operacional, atravessando a estrada para o passeio há duas WC debaixo do solo.

Li também algures que o Jardim fazia agora parte de uma rede de Jardins Digitais de Lisboa, e que tem um hotspot para quem queira ter acesso à internet. Não dou garantias.


Continuando o nosso percurso deparámo-nos com a forma de engate mais eficiente de sempre, para além do encontro fortuito dos donos dos cães, garanto que se levarem a passear o vosso coelho (sim coelho!) terão muito mais atenções de todo o tipo de públicos. Não consigo expressar por palavras a adoração que sentimos ao ver aquele bicho, tão pacificamente saltitando na erva verde, o peso da nossa mão sobre a sua cabecinha é suficiente para fazer com que este se esborrache contra o chão, mas isso não parece afectar a sua pacata existência.

Decidimos perder-nos por Lisboa, descemos ruas que não sei nomear, deparámo-nos com vários sítios que assentei o nome para ir visitar mais tarde, descobrimos pormenores interessantes, uma porta, um jarro de flores, um grafiti, vivemos peripécias inesperadas quando uma velha decidiu bufar-nos e eu senti genuinamente medo, sendo que afinal ela tinha é um problema respiratório e um tubo enfiado na garganta, não pude evitar rir e ganhar direito a mais um bilhete para o Inferno.




Encontrámos uma residencial no meio de nenhures, descobrimos mensagens de esperança recortadas a branco numa parede pintada de azul escuro, demos com a Casa das Maquetas, uma espécie de paraíso em termos de material para estudantes de arquitectura e design cuja decoração no vidro é particularmente engraçada, explorámos um novo bar com apenas três semanas de existência e onde tive de elogiar o proprietário pela decoração, encontrámos a escola antiga do pai da Sara, junto a uma espectacular igreja, fomos dar ao Adamastor onde até uma estudante de artes como eu se sente normal de mais e terminámos nos banhos...


O nosso rumo era marcado pela luz e pela vegetação, escondidas entre os edifícios da velha Lisboa, aquela que ainda deixa as portas encostadas e os grelhadores no meio das ruelas. E assim, onde quer que ele se encontrasse, we followed the sun.



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